“Ladrão de Almas” é investigado por aparecer em “sintonia” na mira do Gaeco
Adson Vitor da Silva Farias, de 22 anos, enfrentou júri popular há seis dias
Condenado por envolvimento em “tribunal do crime”, em júri realizado há seis dias, Adson Vitor da Silva Farias, também conhecido como “Ítalo” ou “Ladrão de Almas”, está entre os investigados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) por fazer parte de núcleo do PCC (Primeiro Comando da Capital) que, em liberdade, cumpre ordens vindas de dentro dos presídios.
O jovem de 22 anos hoje “vive” em cela do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande, mas começou a ser investigado em 2020, provavelmente antes de ser preso, em 15 de junho daquele ano. Adson era preso provisório por ter feito parte da execução de Sandro Lucas de Oliveira, 24 anos, conhecido como “Alemãozinho”, até a condenação.
Um dos alvos de mandado expedido para a Operação Sintonia nesta segunda-feira (18), conforme apurado pelo Campo Grande, “Ladrão de Almas” enfrentou a Justiça na quarta-feira passada, dia 13.
Levado a júri popular, ele negou ter feito parte de julgamento à margem da lei a mando do PCC e decapitação de Sandro Lucas. Para a acusação, a vítima foi assassinada e enterrada em dezembro de 2019. Cinco homens foram acusados de participar do crime, porque para a polícia e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), eles sequestraram Sandro e o mantiveram em um barraco na Vila Bordon, na Capital, para o “julgamento” em que foi sentenciado à morte. O motivo seria porque a vítima fazia parte da facção rival ao PCC, o CV (Comando Vermelho).
Jurados entenderam que não houve elementos suficientes para condenar Adson por homicídio e ocultação de cadáver, mas o sentenciaram pelos crimes de cárcere privado e organização criminosa. As penas, fixadas pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, do Tribunal do Júri, totalizaram 4 anos e 6 meses de prisão.
Operação Sintonia – A força-tarefa do Gaeco foi às ruas hoje em busca de provas para fechar investigação baseada em interceptações telefônicas contra o PCC. A operação contou com ajuda de policiais do Batalhão de Choque e Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) para cumprir 67 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados, Amambai, Bela Vista, Corguinho, Maracaju, Naviraí, Nova Andradina e Rochedo.
De acordo com o Gaeco, ao longo dos dois anos de apurações, foi identificada a prática de diversos crimes relacionados à estrutura financeira do PCC, “uma vez que as condutas investigadas diziam respeito à movimentação criminosa da facção para angariar capital ilícito”. Além disso, também foram interceptadas ordens para “punir e manter a disciplina de integrantes que não seguiam as diretrizes da organização criminosa como deixar de quitar débitos com a comercialização de drogas ou arrecadação das ‘rifas’ (espécie de loteria do crime)”.
Na decisão que autorizou as prisões e buscas, a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal, destaca que o Gaeco conseguiu “apurar a atual estrutura do PCC em Mato Grosso do Sul” e “também as identidades de alguns integrantes da cúpula da facção”. A magistrada ainda faz referência a “farto conjunto de provas”.
Nas buscas, ela determina que agentes procurem provas de crimes como tráfico de drogas e organização criminosa, fazendo a apreensão, por exemplo, de entorpecentes, armas, munições e documentos ligados à movimentação financeira do PCC.
Operação Courrier - Esta é a segunda operação contra a facção em menos de 30 dias. No dia 25 de março, a “Courrier”, da palavra francesa que na tradução literal para o português significa “correspondência”, cumpriu 38 mandados judicias em Campo Grande, Dourados, Jardim e Jaraguari. O nome da operação fazia referência ao “leva e traz” de informações de dentro para fora de penitenciárias e vice-versa. Os alvos já foram denunciados à Justiça.