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Capital

Grupo de "amigos" sem ligação com PCC arquitetou morte de agente

Renan Nucci | 20/02/2015 11:14
Os delegados Fábio Peró (à esquerda), Edilson dos Santos Silva (centro) e Weber Luciano de Medeiros apresentam detalhes sobre o crime. (Foto: Marcos Ermínio)
Os delegados Fábio Peró (à esquerda), Edilson dos Santos Silva (centro) e Weber Luciano de Medeiros apresentam detalhes sobre o crime. (Foto: Marcos Ermínio)
Robinho (à esquerda), foi o responsável por atirar contra o agente. Na foto ele aparece ao lado do mandante, Buguinho. (Foto: Marcos Ermínio)
Robinho (à esquerda), foi o responsável por atirar contra o agente. Na foto ele aparece ao lado do mandante, Buguinho. (Foto: Marcos Ermínio)

Grupo de amigos “detentos” planejou a execução do agente penitenciário Carlos Augusto Queiroz de Mendonça, 44 anos, no final da madrugada do dia 11 de fevereiro. O mandante, Marcelo da Silva Gonçalves, o Buguinho, 33 anos, possuía rixa pessoal com agentes e também estava insatisfeito com o tratamento que recebia no presídio, por isso decidiu matar um deles, em represália. Seis pessoas foram presas.

Durante coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (20), os delegados Edilson dos Santos Silva e Fabio Peró, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), e Weber Luciano de Medeiros, da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), responsáveis pelas investigações, deram detalhes sobre como o bando agiu para elaborar o crime contando com a ajuda, inclusive, de um preso da Penitenciária de Segurança Máxima da Capital.

Não há ligações com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), disse Edilson, retratando a declaração dada pelo governador Reinaldo Azambuja no último dia 13, durante reunião com servidores da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). “Quando ele (o governador) falou isso, as investigações ainda estavam começando e tínhamos várias hipóteses que, com o tempo, foram descartadas, assim como essa do PCC”, explicou.

Homicídio - O crime aconteceu por volta das 5h40 da madrugada do dia 11. De acordo com os registros das câmeras de segurança, a ação dura 12 segundos. O autor chega de moto ao Estabelecimento Penal de Regime Aberto e Casa do Albergado, na Vila Sobrinho, e atira cinco vezes contra Mendonça que junto com um colega registrava a saída dos reeducandos na portaria. Quatro disparos acertaram o alvo que não resistiu e morreu no local enquanto era socorrido pelo Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Armas usadas na execução: o revólver de cano mais curto foi de onde partiram os disparos. (Foto: Marcos Ermínio)
Armas usadas na execução: o revólver de cano mais curto foi de onde partiram os disparos. (Foto: Marcos Ermínio)

“A partir das imagens das câmeras de segurança conseguimos identificar a autoria. Desde o crime até à prisão dos envolvidos, a polícia levou cerca de 48 horas”, disse Edilson. Nas imagens, Robson Silva dos Santos Souza, 22 anos, o Robinho, é visto entrando no local de capacete e com uma camiseta branca enrolada ao pescoço. Ele mata e em seguida foge com Buguinho, que o aguardava em uma moto nas proximidades. Rafael de Oliveira Batista, o Lobinho, 22 anos, os auxilou na fuga, também de moto, e ocultou as roupas do executor.

Por sua vez, Walter Alexandre de Castro Corrêa, 44 anos, guardou as armas em seu estacionamento que fica perto da Casa do Albergado. “O estacionamento é usado por muitos internos. Walter guardou a arma lá durante a noite anterior, para facilitar a ação na madrugada”, explicou Edilson. Todos eles cumpriam pena no local do crime.

Outros envolvidos - Também foram presos Sérgio Corrêa da Silva, 25 anos, foragido do sistema prisional que cedeu o revólver calibre 38 usado na ação, e Rafael Pimentel Duarte, o Rafinha, 32 anos, detento da Máxima que deu instruções sobre como o grupo deveria agir. “Os autores já ficaram presos juntos e se conheciam bem. Mesmo com as prisões, ainda precisamos acertar alguns detalhes, como com quem seria a rixa e qual a motivação dela. Foram abertos dois inquéritos para apurar os casos, e estamos contando com apoio do Garras”, observou Weber, da DEH, lembrando que o Batalhão de Choque da Polícia Militar também auxiliou nas prisões.

Foram apreendidas duas armas de fogo e seis munições. Uma foi usada diretamente na execução de Mendonça, e a outra estava com Marcelo, na moto dele, que foi apreendida bem como a de Lobinho. “Eles buscaram várias informações com Rafinha, entre elas, a de que envolvendo várias pessoas e dividindo as tarefas, iriam atrapalhar os trabalhos de investigação da polícia”, alertou Peró, do Garras. Perto do desfecho, o caso apontou ainda que cada um dos autores possuía descontentamento com os agentes, principalmente porque não tinham certas regalias.

Veja no vídeo abaixo o momento em que Robinho chega à Casa do Albergado

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