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Capital

Grupo ocupa canteiro de Avenida e viaduto para pedir intervenção militar

Autointitulados como "Coletivo Intervencionista", os manifestantes defendem a anarquia para instituir o regime militar

Lucas Junot | 11/07/2017 17:35
Cartazes foram pendurados no viaduto para chamar atenção dos motoristas (Foto: Lucas Junot)
Cartazes foram pendurados no viaduto para chamar atenção dos motoristas (Foto: Lucas Junot)

Um grupo de 10 pessoas, autointitulado “Coletivo Intervencionista” tem ocupado vias públicas de Campo Grande com cartazes, bandeiras e faixas pedindo intervenção militar. Nesta terça-feira (11), em pleno horário comercial, os manifestantes estavam no viaduto da Afonso Pena sobre a Rua Ceará. Eles também usaram o canteiro da avenida, o que é proibido, para pendurar o material de divulgação.

Entre os intervencionistas, apenas o servidor estadual aposentado Duarcir Bergamo, de 64 anos, viveu o histórico Golpe Militar em 1964, quando o presidente João Goulart (eleito democraticamente pelo PTB) foi deposto e teve de fugir para o Uruguai. Desta maneira, o Chefe Maior do Exército, o General Humberto Castelo Branco, tornou-se presidente do Brasil.

Duarcir tinha 11 anos no Golpe Militar de 1964, mas garante que "era melhor" (Foto: Lucas Junot)
Duarcir tinha 11 anos no Golpe Militar de 1964, mas garante que "era melhor" (Foto: Lucas Junot)

Duacir tinha 11 anos à época do golpe, mas garante: “era bem melhor”. Ainda que uma lista oficial com 434 mortos e desaparecidos no período da ditadura militar (1964-1985), tenha sido divulgada pelo Grupo Tortura Nunca Mais, em 2013, para o manifestante “gente de bem não sofreu. Só morreu bandido e terrorista”.

Contudo, a ideia de intervenção militar não é exclusividade de “gente mais antiga”, como dizem. Do auge dos seus 26 anos, Jean Carlos Borges, desempregado, apesar de sequer ter servido às Forças Armadas, defende o militarismo. Ele se baseia em pesquisas, da internet, “porque os livros de história não são fiéis ao que de fato aconteceu”, assegura.

“As novelas hoje tem cenas de sexo, coisa que não se via naquele tempo. E não é censura, é ordem”, dispara.

Ramon Romeiro da Silva Ortiz, de 44 anos, autônomo, também é voluntário do movimento intervencionista. “Eu não vivi muito aquela época, mas pesquisei muito. Não teve ditadura, as Forças Armadas vieram pra salvar o Brasil, senão hoje seríamos uma Cuba”, argumenta.

Ramon defende a anarquia, para legitimar o governo militar (Foto: Lucas Junot)
Ramon defende a anarquia, para legitimar o governo militar (Foto: Lucas Junot)

Ramon defende primeiro uma intervenção civil e, de posse dos três Poderes, a sociedade legitimaria a intervenção militar. O anarquismo é um sistema político que busca o fim do Estado e da sua autoridade. O termo anarquismo tem origem na palavra grega anarkhia, que significa "ausência de governo".

Para os três entrevistados pela reportagem, o Brasil precisa de um período mínimo entre quatro e oito anos de intervenção militar, necessários para “por ordem” e “fazer uma nova Constituição Federal”.

No século XX, a tortura foi praxe nos dois maiores períodos ditatoriais que o país viveu, na época do Estado Novo (1937-1945) e do regime militar (1964-1985), quando – neste último - foi institucionalizada revelando-se como um método eficaz de garantir um Estado de ilegalidade.

Neste período os estudantes, os intelectuais, os engajados políticos, foram as principais vítimas do sistema que contestavam.

O canteiro central da Afonso Pena foi ocupado por faixas, sem autorização da Prefeitura (Foto: Lucas Junot)
O canteiro central da Afonso Pena foi ocupado por faixas, sem autorização da Prefeitura (Foto: Lucas Junot)
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