Idoso chora ao lembrar de tiroteio que matou criança no Jardim Batistão
Aos 80 anos de idade, o aposentado José Atanazio Soares nunca imaginou que passaria por uma situação vivida na noite do último domingo. A casa dele foi invadida por dois homens armados que descarregaram dois revólveres matando uma criança de 2 anos e ferindo outras cinco pessoas, inclusive ele.
A reportagem do Campo Grande News o encontrou abatido sentado em um cadeira de fio na varanda da casa onde tudo aconteceu. Ele estava com um curativo na mão, resultado de um tiro, além de um ferimento no pé esquerdo, que ainda sangrava, provocado também por um disparo.
No portão e no muro da casa ficaram várias marcas de disparos. “Foi uma covardia o que fizeram aqui”, disse colocando a mão direita nos olhos para limpar as lágrimas que escorriam.
José Atanazio define a noite de ontem como a pior da sua vida. “Eu sobrevivi por muita sorte. O tiro acertou a minha mão, mas poderia ter atingido meu peito”. O idoso tornou a chorar ao lembrar da menina assassinada, ele mal a conhecia , mas se comoveu com o crime brutal que acabou com a vida dela.
O idoso está inconsolável. Diz que nunca se envolveu com coisa errada, e ver seus filhos baleados foi muito triste. “ Eu nunca bebi, nunca fumei, e acontecer uma coisas dessas é revoltante”.
O tiroteio ainda terminou com dois filhos de José Atanazio baleado: Wanderson Escobar Soares, 27, José Atanazio Escobar Soares, 29, esse último como estava foragido da justiça, recebeu atendimento médico e foi levado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga, onde permanece preso. Também foram baleados o cunhado do idoso, Heleno Escobar, e um amigo da família, o mecânico Jorge Lhopes Barbosa, ambos de 52 anos.
Na delegacia também estão os autores dos disparos: Marcos Antônio Reis Santos, 20 anos, ou Elvis Henrique Ortega Cheles, 21 anos, além de Douglas Aparecido de Oliveira Batista, 18 anos, e Gabriel Henrique Amorim Bernardo, 22 anos, pivô da confusão que acabou em tragédia.
Ontem por volta das 20 horas, Gabriel foi até a casa onde acontecia a festa. Lá, tentou agredir uma mulher, que teria sido sua namorada. José Atanásio e Wanderson impediram que ele batesse nela e acabou sendo agredido pelos dois irmãos.
Para se vingar, Gabriel chamou Marcos e Elvis para irem até o local. Os dois amigos foram no carro de Douglas até casa e , quando chegaram no local, efetuaram pelo menos 12 disparos.
Um dos tiros acertaram o peito da pequena Maria Clara Silva Santos, que ainda chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no posto de saúde do Bairro Aero Rancho. A menina é filha de Luana Silva Santos, que como é amiga da família, também participava da festa.
Os quatro autores do crime foram presos horas depois por policiais do Batalhão de Choque.
No momento em a reportagem esteve no local, uma faca que teria sido usada por um dos criminosos foi encontrada escondida em meio a plantas de uma casa vizinha ao local do crime, assim como dois projéteis. Tanto a faca quanto as restos dos projéteis foram entregues na Depac.