Idoso morre após 2ª dose da vacina e família contesta na Justiça laudo de covid
Paciente de 81 anos estava na Santa Casa de Campo Grande e ainda não foi sepultado por conta da briga judicial
A família de paciente de 81 anos falecido nesta terça-feira (30) na Santa Casa de Campo Grande foi à Justiça pedindo realização de teste para detectar a presença do novo coronavírus no corpo. O hospital diz que ele morreu em decorrência de infecção generalizada e estava com os sintomas da covid-19, confirmados por exame colhido no dia 29 de março, um dia antes do óbito.
Para a família, porém, não havia a possibilidade de contágio pela doença, pois Querino Antônio da Conceição já havia tomado as duas doses de vacina contra a covid-19.
Comprovante anexado ao processo mostra as duas datas: 13 de fevereiro para dose 1 e 13 de março para a dose 2. Ambas foram recebidas no drive thru do Parque Ayrton Sena.
As notas técnicas já divulgadas sobre a vacina recebida, a Coronavac, fabricada pelo Instituto Butantan, informam que são necessária pelo menos duas semanas para a imunização ocorrer de fato. Ainda assim, conforme profissionais ouvidos pela reportagem, nenhum dos medicamentos já desenvolvidos é cem por cento garantido.
Como foi - De acordo com o relato da família, o idoso foi hospitalizado no dia 18 de março, por causa de ferimento no dedão do pé, consequência de diabetes descontrolada.
Ficou, segundo o filho, Antônio da Conceição, 5 dias na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Universitário. Depois disso, foi transferido para a Santa Casa de Campo Grande.
Lá, a médica responsável chamou a família para conversar e disse que a solução do caso exigia amputação da perna atingida. Os filhos não aceitaram o procedimento e disseram que fariam reunião familiar para decidir o que fazer.
Optaram por transferir o paciente de unidade hospitalar, mas contam que, ao buscar a Santa Casa para fazer isso, descobriram que Querino estavam em outra ala, a destinada a pacientes acometidos pela covid-19.
Conforme o servidor público, por meio de videochamada, outra médica comunicou que o pai estava com a covid. Houve então o questionamento sobre como isso pode ter ocorrido, se já haviam sido aplicadas as duas doses.
No dia 30, o idoso faleceu, mas ainda não foi sepultado, pois a família não aceita o diagnóstico de covid-19 e entrou na Justiça com pedido para um novo exame.
Não houve apreciação da solicitação de liminar ainda.
Posicionamentos - "O tempo esperado para resposta imunológica é de 14 dias, no entanto pode variar de acordo com cada organismo", informou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) à reportagem.
Sobre o caso deste paciente em específico precisará ser investigado mais a fundo, uma vez que o paciente começou a manifestar sintomas da doença depois de mais de 20 dias da realização da dose de reforço, após ter permanecido 10 dias internado no hospital para tratamento de uma outra condição crônica", diz o texto.
No hospital, foi dada a informação de que a morte ocorreu por sepse generalizada, ou seja, uma infecção que se espalhou de forma incontrolável, e que havia “sugestividade” de covid-19, atestada pelo exame.
No pedido à Justiça, os familiares acusam o hospital de ter transferido o doente para a ala de covid como uma espécie de punição por não aceitar a cirurgia para amputar a perna. Afirmam, inclusive, que sugeriram um procedimento menos invasivo, e sugerem que o hospital queria fazer o mais severo para ganhar mais dinheiro com o procedimento.
Sobre isso, a Santa Casa ainda não se manifestou.