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Capital

Indignada, advogada questiona omissão na proteção à criança assassinada

Advogada encontrou com pai e a menina registrando boletim no final de novembro

Maristela Brunetto | 27/01/2023 13:14
Casa onde criança assassinada morava com a mãe e o padrasto. (Foto: Henrique Kawaminami)
Casa onde criança assassinada morava com a mãe e o padrasto. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em 22 de novembro do ano passado, o pai da menina de 2 anos, que morreu ontem após sofrer agressões em casa, estava com a criança na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) registrando boletim de ocorrência. A advogada Janice Andrade encontrou os dois no saguão da delegacia, comoveu-se com a cena e conversou com ambos, uma vez que tem uma filha da mesma idade. A pequena estava com a perna engessada, a denúncia era de que a tíbia havia sido quebrada na casa em que vivia com a mãe e o padrasto.

Hoje, ao saber que a criança morreu após sofrer agressões, Janice não conteve as lágrimas. Emocionada, ela contou ao Campo Grande News que acompanhava uma mãe na delegacia e ouviu todo o relato sobre o caso. Segundo ela, os escrivães comentavam sobre como proceder, já que era a segunda vez que o pai relatava situação de violência contra a criança e a mãe não havia comparecido à delegacia.

Janice não esconde a indignação. Ela disse que saiu da delegacia confiante que o sistema de proteção funcionaria e a criança seria afastada da situação de risco. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prega que a proteção deve ser integral.

‘Estou me sentindo um lixo”, resumiu, em meio ao choro. “A gente confia na proteção integral da criança”, critica. A advogada, que atua em casos pro bono envolvendo crianças, ou seja, de forma voluntária, aponta que tinham que ter sido adotadas medidas protetivas. Ela aponta que era um dia útil, sem feriados no entorno que pudessem prejudicar o andamento do procedimento.

"Proteger a criança era dever do Estado, do sistema de Justiça", emenda, ao completar que se tratava de uma delegacia especializada. Ela relatou que vai apresentar pedido à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para que acompanhe o caso, uma vez que tem uma comissão específica sobre crianças e adolescentes.

Envolvida na defesa dos direitos de outras crianças, ela finaliza cobrando que haja maior eficiência na proteção dos pequenos contra a violência.

O crime - A criança foi morta na tarde de ontem. Ela morava com a mãe e o padrasto na Vila Nasser, na saída para Rochedinho. O casal tinha outras duas crianças. A reportagem esteve esta manhã no local e ouviu relatos de vizinhos de que era comum choro de crianças na residência. Conforme moradores, ontem à noite havia movimentação de festa na casa. A mãe havia saído no meio da tarde com a criança indicando estar desacordada. No posto de saúde constatou-se que ela já chegou sem vida.

O casal, Christian Campocano Leitheim e Stephanie de Jesus Dada Silva, foi preso em flagrante. Além do homicídio qualificado, a polícia vai investigar se a menina sofreu algum abuso sexual. O delegado que registrou a ocorrência informou que o padrasto disse que corrigia a criança com socos e tapas, fato que teria se repetido três dias antes.

Pai já havia registrado boletins por violência contra a menina. (Foto: Paulo Francis)
Pai já havia registrado boletins por violência contra a menina. (Foto: Paulo Francis)


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