Infestação da dengue dispara em alguns bairros e morador vê descaso
O índice de infestação da dengue teve aumento em Campo Grande entre os meses de novembro de 2013 e janeiro deste ano, de 1,8% para 2,1%, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Apesar do risco de novo epidemia, moradores denunciam que bairros com alto índice, de 5,3% dos imóveis com focos, como a Vila Jacy, não são alvo das ações de combate à doença.
Segundo a dona de casa Sílvia Jara, 23 anos, desde o início do ano passado, nenhum agente de epidemiologia passa na sua residência. "Está um descaso", lamentou a moradora do bairro, onde ruas estão tomadas pelo matagal. O mato chega a ter mais de 1,8 metro de altura.
Oito bairros de Campo Grande estão com alto índice de infestação da dengue e 64 estão em alerta. O LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti) do mês de janeiro mostra que 2,1% dos imóveis possuem focos do transmissor da doença.
Sílvia conta que sua mãe e uma vizinha já tiveram a doença, mesmo com todos os cuidados que elas tomam, ela se preocupado com a falta de respeito dos outros moradores. "O pessoal joga lixo na rua, esses dias tinha uma cama box jogada aqui em frente de casa", contou.
Em 2013 foram registrados 46.448 casos notificados e 12 mortes confirmadas causadas pela doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.
O matagal espalhado por toda a Vila Jacy chega a ter mais de 1,80m, além de copos e sacolas plásticas, garrafas de vidro e outros tipos de lixo encontrados nos terrenos e calçadas do bairro.
O LIRAa de janeiro mostra que a situação é grave nos bairros Chácara Cachoeira, Santa Fé, Autonomista,Cruzeiro, São Francisco, Guanandi, Taquarussu, Jacy. Nestes bairros, o índice de infestação varia de 4,2% a 5,3%, valor muito acima do nível considerado satisfatório pelo Ministério da Saúde.
Segundo o diretor de Controle de Vetores do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Alcides Ferreira, 78% dos focos do mosquito são encontrados nas residências.
No Guanandy a cultura dos moradores é responsável pelo grande indice de dengue. Segundo o aposentado Jacinto Cândido da Silva, 70, os agentes de saúde passam mensalmente nas casas do bairro, mas os moradores acabam não acatando as recomendações. "Muitos não mudam de atitude".
"Ninguém faz a limpeza aqui, pois sempre teve dengue no bairro", completou o aposentado. Que disse tentar conter os carroceiros que descarregam lixo no bairro. "Eu não deixo eles descarregarem aqui", afirmou.