Já parou para pensar por que a Calógeras é avenida e a 13 de Maio é rua?
A resposta está no tempo e não no tamanho ou na dimensão das vias, que são iguais
Não são raros os casos de ruas que tiveram seus nomes alterados ao longo do tempo, o que acaba causando confusões na cabeça das pessoas. Na região central, por exemplo, difícil é entender porque vias exatamente da mesma dimensão e limite de velocidade são consideradas "avenida" e outras "rua".
Antes da profunda reforma pela qual passou a Rua 14 de Julho, ela, 13 de Maio e Avenida Calógeras eram muito parecidas. Mas se são tão idênticas, por que 13 e 14 são ruas e Avenida Calógeras foi “elevada a uma categoria superior”?
O pintor Caio Ricardo, de 21 anos, mostrando-se surpreso com o tema, não soube responder. “Nunca tinha parado pra pensar nisso. Não tenho ideia de como seja a escolha de qual será rua e qual será avenida”.
Pensativa, a autônoma Jaqueline Pinho, de 29 anos, pontua: “A gente anda tanto por esse centro, todos os dias e, às vezes, nem sabe quem são essas pessoas que dão nome às ruas ou como se deu essa escolha. É realmente interessante”.
Mota Ramos (63) parou para pensar no assunto. “Olha, cheguei aqui há mais de 30 anos, vim do Mato Grosso e nunca soube da mudança de nome, nem me arrisco a dizer o porquê”.
O que explica é o tempo.
Segundo a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), as cidades não têm uma legislação própria que determine exatamente quais características uma via precisa ter para que seja classificada como rua ou avenida.
Mas com base em regras nacionais, a definição básica é de que avenida é uma via que possui largura suficiente que possibilite a implantação de um canteiro central e rua é uma via de média ou pequena largura. Portanto, se fosse criada hoje, a Calógeras seria rua, não avenida.
Por isso, a explicação está na história. O pesquisador Edson Contar, de 82 anos, bisneto do fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira, diz que “foi uma decisão política”.
No desenho do primeiro arruamento da Capital, apresentado em 1909, pelo engenheiro Nilo Javari Barém, não é possível ver detalhes, nem o nome da Calógeras, ou das vias paralelas a ela.
Aliás, naquele tempo, a Avenida Calógeras chamava-se Rua Santo Antônio, vindo a ser renomeada como a conhecemos em 1912, para homenagear o Ministro João Pandiá Calógeras, engenheiro influente e responsável pela instalação da 9ª Região Militar e Comando Militar do Oeste, em Campo Grande.
A ideia, na época, foi turbinar a homenagem, elevando o nível da via ainda humilde. “Foi para dar a ela maior importância na homenagem que se fez a Pandiá Calógeras", diz o bisneto do fundador da cidade.
O lugar para a reverência não poderia ser melhor, lembra Contar. "Ele foi o grande responsável pela vinda da estrada de ferro para Campo Grande. Talvez, o intendente da época tenha pensado em mostrar gratidão acrescentando o nome avenida”, sugere.
Outra curiosidade são os vestígios dos tempos em que a Calógeras tinha outro nome. Edson Contar chama atenção para as lembranças que ficaram dos tempos de Rua Santo Antônio. Na Avenida Calógeras, está localizada a Paróquia Santo Antônio (Catedral Nossa Senhora da Abadia) e o cemitério de mesmo nome. “O Cemitério Santo Antônio foi nomeado assim por causa da rua”.