Justiça condena acusados pela morte do adolescente Paulinho, no Tarumã
“Não vão devolver a vida do meu filho, mas é justo”, desabafa a mãe
“Eu não consegui parar de chorar, esperei tanto por isso”, desabafa Maria Aparecida dos Santos, mãe do menino Paulinho, assassinado em fevereiro do ano passado, no bairro Tarumã, na Capital.
A comoção é por ter visto finalmente a condenação dos acusados de matarem o filho.
A Justiça condenou Marcelo de Souza Ribeiro, o “Cicatriz”, de 19 anos, autor do disparo que matou Paulinho, a 24 anos de prisão em regime fechado e 13 dias-multa.
Já Alessandro Anunciação, de 21 anos, dono da arma, foi condenado a cinco anos de reclusão, dois meses e 10 dias de detenção e 30 dias-multas.
A dor de uma mãe que relatou acompanhar dia após dia o caso, e de perto. “Todos os dias eu entro, de manhã e de tarde e hoje eu vi o resultado da sentença”, conta.
Maria Aparecida desde fevereiro do ano passado deixou de ser a comerciante do bairro. Abriu o coração para a mídia e todo o Estado, mostrando a dor de uma mãe que perdeu o filho para a violência.
Cida, como ficou conhecida entre os meios de comunicação, passou a ser a mãe do Paulinho, menino que ela defendeu como querido e bom filho. O caso ganhou repercussão e mesmo passado os meses, ela não deixava a peteca cair. Foram dias de luta e de exposição da dor. Lágrimas e um choro acompanhado de perto, tudo para que o caso não caísse no esquecimento.
“Finalmente saiu uma resposta. O meu esforço todo não foi em vão”. Frase que diz sobre todas as vezes em que a mãe foi a passeatas e organizou protestos pedindo paz.
Chorando, agora ela se diz aliviada e acredita que a justiça tenha sido feita. “Não vão devolver a vida do meu filho, mas desse tempo aí, eu acho que o Marcelo deve ficar 10 anos fechado, é justo”.
A dor e a revolta que ela mostrou para a Polícia, Justiça e toda sociedade não foi para trazer o filho de volta, algo impossível de se fazer depois do gatilho apertado, mas para que nenhuma outra mãe passasse por isso.
“Não quero que nenhuma mãe sinta isso. Estamos errando. As famílias erram na educação dos filhos e o governo erra com tamanha impunidade a casos de violência”, disse em entrevista anterior ao Campo Grande News.
Paulinho foi morto, no dia 17 de fevereiro do ano passado, pelo jovem Marcelo, que depois de assaltar à mercearia Vital, que fica em frente à bicicletaria e que pertence ao avô de Paulinho, onde o garoto estava quando levou o tiro. Ao fugir do local após o assalto, Marcelo disparou e acertou o coração do garoto.
O adolescente de 17 anos, mais conhecido como Paulinho, mas com o nome de Paulo Henrique Rodrigues, chegou a ser socorrido pela mãe, que estava trabalhando na mercearia, mas não resistiu e faleceu no posto de saúde do bairro Coophavila II.
Marcelo foi preso um dia depois do assassinato e disse que atirou para evitar perseguição após o assalto. O tiro que matou o filho de dona Maria Aparecida saiu da pistola calibre 45 de Alessandro Anunciação, de 21 anos, à época do crime, foragido da Colônia Penal Agrícola.
Anunciação já acumulava antecedentes criminais por homicídio, roubo, receptação e estelionato. Em depoimento, ele afirma que apenas foi convidado para “cobrar uma dívida”.
“Cicatriza mas não passa não é? Mas o meu medo terminou, de que eles saíssem livres”, finaliza a mãe.