ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, SÁBADO  27    CAMPO GRANDE 22º

Capital

Justiça procura família para Jenifer, garotinha com paralisia cerebral

Menina de 12 anos é símbolo de campanha pelo “match” entre famílias e crianças sem lar

Por Anahi Zurutuza | 22/02/2024 16:36
Jenifer da Silva, de 12 anos, vive em abrigo de Ribas do Rio Pardo, no interior de MS (Foto: TJMS/Divulgação)
Jenifer da Silva, de 12 anos, vive em abrigo de Ribas do Rio Pardo, no interior de MS (Foto: TJMS/Divulgação)

Menina alegre, que gosta de fazer novas amizades e tem facilidade de expressar sentimentos, apesar da paralisia cerebral. É assim que Jenifer da Silva é descrita por quem convive com ela. Aos 12 anos, ela é o rosto escolhido pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para divulgar o programa “Nasce uma Família”.

Natural de Campo Grande, Jenifer vive em abrigo de Ribas do Rio Pardo – a 98 km de Campo Grande – à espera que “o maior pintor do mundo” coloque mais cor “em sua história”, como diz a letra da música preferida da garotinha. Ela é fã das letras do cantor gospel, Pastor Lucas, e “Pintor do Mundo” é a favorita.

Gestora do abrigo onde Jenifer mora, Edina Jülg explica que a menina tem limitações. “Ela tem gastrostomia. A alimentação, hidratação e medicação necessárias são administradas via sonda. A dieta é comprada pronta”. A responsável afirma que a adolescente tem também muito amor para dar e gosta de passeios ao entardecer.

Não dá “match” – Assim como ela, o SNA (Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento) tem milhares de crianças com deficiências esperando por uma família. Só nos abrigos de Campo Grande, são 197 meninos e meninas, sendo que 10 deles têm alguma deficiência – física ou mental.

No Brasil, embora haja oito vezes mais pretendentes habilitados para adoção do que crianças e adolescentes cadastradas, a maioria delas ainda não tem um lar, principalmente por causa das exigências feitas pelos candidatos a pais e mães, como a preferência pelos bebês. A maior parte das crianças e adolescentes disponíveis para adoção tem mais de 8 anos, possuem alguma comorbidade ou formam grupos de irmãos.

Hoje na Capital são 51 pretendentes e 51 aptos à adoção, de acordo com o SNA, mas a conta não fecha. Só 29 crianças têm menos de 3 anos e 26 têm irmãos, por exemplo.

A campanha da Justiça estadual para encontrar uma família para a Jenifer coincide com o esgotamento cadastral e a implantação do programa “Nasce uma Família” em Mato Grosso do Sul, que fornece o site “Aproximando Vidas” para facilitar o encontro entre quem quer ter filhos e quem não tem família.

Por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude, a página na internet disponibiliza registros detalhados dos “aptos à adoção” no SNA e está acessível a todos, mesmo àqueles que ainda não estejam habilitados para adotar. A Jenifer é uma das crianças que está no projeto e pelo site é possível saber mais sobre ela.

Juíza Camila Neves Porciúncula durante palestra em Angélica, no interior de MS (Foto: Angélica Notícias)
Juíza Camila Neves Porciúncula durante palestra em Angélica, no interior de MS (Foto: Angélica Notícias)

Adoção – A juíza Camila Neves Porciúncula faz alerta a quem algum dia pensou em adotar. “A adoção é um ato de amor, não é caridade. A Jenifer é uma menina muito especial, tem muito amor para oferecer e está à procura de uma família, que pode ser formada por pai e mãe, dois pais, duas mães ou por pai ou mãe solo. O requisito fundamental mesmo é que o pretendente também esteja buscando a construção de um laço familiar”.

As buscas por uma família para a menina de 12 anos, bem como para as outras crianças cadastradas no “Aproximando Vidas”, se esgotaram até em outros países (adoção internacional). “No entanto, tal fato não é impeditivo para que ela não seja adotada, bastando que os interessados em sua condição especial se inscrevam no cadastro ou as que já estão inscritas revejam o perfil buscado”, explica a promotora de Justiça de Ribas do Rio Pardo, Ana Rachel Borges de Figueiredo Nina, que acredita na força da mobilização pela internet.

A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida. O processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima da casa do pretendente.

Os registros sobre crianças aptas à adoção podem ser encontrados no https://aproximandovidas.tjms.jus.br/publico/login.xhtml.

(*) O nome de Jenifer foi divulgado com autorização da Justiça, assim como o rosto da criança está borrado a pedido do Judiciário. 

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias