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Capital

Líder do PCC em MS autorizava assassinatos em todo o Brasil

Marcelo Lima Gomes, de 36 anos, conhecido como Maré Alta, está no sistema prisional de Mato Grosso do Sul desde 2013

Geisy Garnes | 27/11/2019 18:52
Policiais do Batalhão de Choque nesta manhã na Máxima de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)
Policiais do Batalhão de Choque nesta manhã na Máxima de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

O interno do Estabelecimento Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande, apontado pelo Ministério Público do Estado em Alagoas como o substituto de Marcos Willians Camacho, o ‘Marcola’, ordenava crimes para integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em todo Brasil de dentro da cela.

Marcelo Lima Gomes, de 36 anos, conhecido como Maré Alta, está no sistema prisional de Mato Grosso do Sul desde 2013 e foi identificado como líder do núcleo “Geral do Estado” durante as investigações da Operação Flash Back, realizada hoje em oito estados.

Dentro da organização da facção, cada estado tem um “Geral”. Ele é responsável por liderar as atividades criminosas, controlando e orientando os integrantes na execução de crimes, além de indicar a conduta correta a eles. Marcelo, segundo as investigações, coordenava todo esse setor, exercendo a função de “Resumo”.

“Existe a cidade proibida onde estão os fundadores, os líderes, que é algo quase intangível. Há o braço operacional que é chamado de linha vermelha e foi esse que nós concentramos no momento atual, nessa operação. Na linha vermelha passam todas as informações relativas à parte administrativa do PCC. Os salves, as comunicações, as ordens, o disciplinamento. Existe uma pessoa, que é o Maré Alta, que seria o responsável pela liderança dessa camada”, explicou o promotor Hamilton Carneiro, do Gaeco de Alagoas, em coletiva.

Todas as ordens eram dadas por telefone, mesmo dentro das celas. Nesta manhã, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar cumpriram mandados de busca e apreensão na Máxima de Campo Grande e também na PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Além de Marcelo, outras 12 pessoas foram alvos de mandados de prisão preventiva em Mato Grosso do Sul.

Os principais líderes, como Maré Alta, serão transferidos para presídios federais. A Operação Flash back, prendeu ao todo 81 envolvidos diretamente com a facção criminosa em oito estados: Alagoas, Tocantins, Pernambuco, Sergipe, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Marcelo, o Maré Alta, de blusa amarela, e o comparsa com quem foi preso em 2013 (Foto: Marcos Ermínio)
Marcelo, o Maré Alta, de blusa amarela, e o comparsa com quem foi preso em 2013 (Foto: Marcos Ermínio)

Ficha criminal – Os registros de crimes envolvendo Marcelo Lima Gomes começam em 2011, no município de São José de Ribamar, no estado do Maranhã. Em março daquele ano, Maré Alta planejou e ordenou a morte de Robson Galvão Lindoso. Ele cometeu o assassinato junto com outros quatro comparsas.

Conforme a denúncia, Marcelo era sócio da vítima no tráfico de drogas da cidade. A parceria, no entanto, foi desfeita após o acusado dar um calote de R$ 12 mil em Robson. A briga se acirrou ao longo dos meses, até que o homem foi morto com tiros na cabeça em um bar da região. Pelo homicídio foi condenado, em 2017, a 22 anos de reclusão.

Na época, Maré Alta já era monitorado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e foi apontado como líder de um grupo armado e violento, que “amedrontava a sociedade”, e responsável pelo tráfico de drogas e também execuções na região.

No ano seguinte ao crime, 2012, Marcelo veio para Campo Grande. Em 2013 acabou preso pela Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos) com 167 quilos de maconha no bairro Caiobá II. O flagrante aconteceu após a polícia receber denúncias de que um carro com placa do Maranhão estava carregado de drogas. Preso, confessou o crime e afirmou que seguia a ordem de um interno do presídio.

Maré Alta permaneceu no Instituto Penal de Campo Grande por alguns anos, mas em 2015 foi liberado. No entanto, não demorou muito para voltar a ser preso. No dia 12 de abril de 2016 foi flagrado com nove tabletes de maconha. Ele chegou a fugir e jogar o celular fora, mas foi capturado. No aparelho, os policiais encontraram negociações de droga.

O preso voltou ao IPCG e pelo crime foi condenado a seis anos e seis meses de reclusão. Em abril de 2017 foi transferido para o Estabelecimento Jair Ferreira de Carvalho, onde foi alvo da operação. O envolvimento dele na facção paulista continua em investigação.

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