Limite de coleta exige peregrinação para descarte em Ecopontos
Profissionais que fazem descarte relatam prejuízos ao percorrer até cinco unidades por dia
Com limite de um metro cúbico ao dia, profissionais que realizam o descarte correto e regular de resíduos de construção, recicláveis, sobras de podas e madeiras precisam percorrer longas distâncias entre Ecopontos de Campo Grande, são cinco unidades na cidade.
A limitação resulta em prejuízos para quem realiza fretes. Este é o caso de José Auri, de 61 anos, que chega a percorrer 17 km entre um Ecoponto e outro. Para a reportagem, o jardineiro ressaltou que precisa reduzir seu trabalho diário para não exceder a cota diária. "Se tenho três fretes, preciso racionar e até agendar para fazer o descarte da quantidade exata, assim consigo evitar problemas".
Auri diz que entende o limite de utilização voltado à população. No entanto, o gasto para percorrer os ecopontos pode sair mais caro que o recebido pelo frete. "Os locais profissionais são caros. Não consigo fazer uma viagem de R$ 100 e ter de pagar quase R$ 90 pelo uso. Assim não tenho retorno da mão de obra, e se aumentar o preço, fico sem clientes", explica.
Já o jardineiro Ricardo Lipovieski ressalta que trabalha em várias residências, e a utilização diária deveria ser feita em nome do dono do imóvel, não do profissional. "Se eu retirar 1m³ pela manhã, não posso descartar outro metro cúbico pela tarde. O ideal seria o cadastro de descarte em nome dos proprietários. A minha reivindicação é a ampliação de coleta para quem tem CNPJ e trabalha com a limpeza urbana".
Vale ressaltar que, desde 2018, a Capital conta com cinco unidades que gerenciam resíduos sólidos. São eles: Ecoponto Panamá, Ecoponto Noroeste, Ecoponto Nova Lima, Ecoponto União e Ecoponto Moreninhas.
O Campo Grande News foi aos ecopontos situados nos bairros Jardim Panamá e União. No local, foi informado que as unidades não têm estrutura física para ampliar a quantidade de resíduos captados diariamente. Quem busca realizar descarte superior a 2m³ é orientado a se deslocar para as outras unidades.
Além disso, desde 1º de setembro de 2023, a concessionária responsável não aceita mais a descarga parcial nos ecopontos. Isto é, o munícipe não pode fazer duas viagens para o mesmo ecoponto ainda que o resíduo seja inferior a 1m³.
A reportagem questionou a concessionária Solurb, responsável pelos Ecopontos, assim como a Prefeitura de Campo Grande por e-mail e telefone, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço continua aberto para declarações futuras.
Mudanças - Na última sexta-feira (6), a Câmara Municipal de Campo Grande abriu a discussão entre órgãos públicos e usuários dos ecopontos. Para representantes da Casa de Leis, urge a necessidade de normatizar o descarte de resíduos.
"Além de serem poucos locais para destinação de entulho, tem uma limitação na quantidade já que é possível o descarte de apenas 1 metro cúbico por vez. Coloquei nessa Audiência Pública que necessitamos de pelo menos 10 ecopontos, pois temos regiões que precisam e para fazer o descarte é necessário ir muito longe. Além disso, precisamos discutir as leis para ampliar o descarte de resíduos”, ressaltou o vereador Ronilço Guerreiro (Podemos).
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