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Capital

Mãe contesta indenização irrisória por vida de filho que morreu esmagado por aço

Renan Diogo de Arruda morreu enquanto trabalhava transportando aço, aos 26 anos

Cassia Modena | 12/07/2023 14:00
Elaine ao lado do filho Renan, que teve morte trágica enquanto trabalhava (Foto: Arquivo pessoal)
Elaine ao lado do filho Renan, que teve morte trágica enquanto trabalhava (Foto: Arquivo pessoal)

Perder o filho de 26 anos enquanto ele trabalhava já foi um golpe difícil o suficiente para a diarista Elaine Cristina Godoy de Arruda suportar. Ao ler nesta segunda-feira (10) a sentença do processo judicial que moveu contra a empresa considerada culpada pela morte, ela sentiu a perda pela segunda vez.

"Meu filho morreu duas vezes. No dia em que desencarnou e no dia que saiu essa sentença", diz, em tom de revolta. Ela reclama que os valores fixados pela Justiça do Trabalho de Mato Grosso do Sul, a título de indenização por danos morais e pensão vitalícia, são injustos. São R$ 54.434,25 para o primeiro e R$ 653,21 mensais para o segundo.

Elaine mora em Campo Grande e perdeu de forma trágica o filho Renan Diogo de Arruda, que vivia com ela. Ele foi atingido por vergalhões de metal pesados enquanto trabalhava transportando ferros em um caminhão na BR-163, em 8 de abril de 2022. "Foi esfacelado por vergalhões em queda livre de aproximadamente 12 metros de altura, que caíram sobre o mesmo trabalhador durante o momento em que executava suas tarefas”, explica trecho do processo judicial.

"Eu não consigo entender essa sentença e quanto vale a vida. A empresa foi irresponsável, não colaborou para que meu filho estivesse em segurança e evitar esse acidente tirasse a vida dele", desabafa a diarista.

Atualmente, a mãe trabalha passando roupas. Por ter uma doença respiratória, não consegue mais fazer limpezas como antes. A ajuda que o filho Renan prestava para manter a casa faz falta. "Ele começou a trabalhar com 18 anos para me ajudar com as contas de casa. Sempre colaborou", conta. Restou o filho mais velho, que não vive com Elaine, mas tenta auxiliá-la como pode.

Tudo piorou com a insônia que a acompanha desde que Renan morreu. Ela não recebeu nenhum auxílio da empresa que o filho trabalhava até então. "A minha última conta de luz quem pagou foi a mulher que era namorada do meu filho, antes de ele morrer", conta.

Recurso - Advogado que representa Eliane, Rafael Medeiros Arena também sustenta que os valores fixados na sentença são incompatíveis com a causa e com o que determinam outras do mesmo gênero.

Ele compara a indenização e pensão recebidas pela família do piloto do avião onde estava o então candidato a presidente, Eduardo Campos. Foram fixados dois terços do salário do trabalhador e uma indenização de mais de R$ 500 mil. "São igualmente mortes trágicas durante o trabalho, qual a diferença entre os trabalhadores? É por que Renan era um trabalhador pobre?", questiona.

O valor para pensão vitalícia representa um terço do salário que Renan recebia, o que não é usual. Segundo o advogado, o mais comum é serem considerados dois terços. "Nunca vi pensão e indenização tão baixas. Restou comprovado que a empresa é culpada e contribuiu para o acidente. A sentença não reconhece essa situação, é só um arbítrio. Causa revolta", diz Rafael.

Ele irá recorrer da sentença e está confiante. "A saída é recurso no Tribunal Regional do Trabalho e também ao Tribunal Superior do Trabalho. Acredito que essa sentença será reformada", pontua.

Empresa - A empresa que deverá indenizar a mãe de Renan é a Aço Prático LTDA, que tem sede em Campo Grande. O Campo Grande News procurou seu advogado para ouvir sobre o caso e a sentença. "A empresa vai se manifestar somente nos autos do processo", respondeu a defesa.

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