Mãe de sete filhos sobrevive de doações, mas diz que queria mesmo era emprego
Mônica Cardoso Dornelis é mãe solo e se vê sem alternativas a não ser pedir ajuda para alimentar os filhos
Em uma quitinete de três peças emprestada, Mônica Cardoso Dornelis, de 36 anos, cria os sete filhos com a ajuda apenas de sua mãe aposentada, que mora ao lado. Em meio ao aumento da inflação, falta de segurança e dificuldade em encontrar um emprego, Mônica se vê em um desafio diário para alimentar os filhos.
Ela está desempregada há cerca de um ano, desde que foi dispensada da empresa onde trabalhava como auxiliar de limpeza. A mãe conta que já distribuiu vários currículos, mas não consegue encontrar emprego.
Todos dormem em duas camas e o lazer das crianças é na rua, em frente de casa. Até sair se tornou um problema, já que a porta estragou e não tranca completamente. De noite, ela improvisa um sistema de segurança colocando móveis na frente da porta, mas quando precisa levar os filhos na escola, o medo é de furtarem o pouco que conseguiu através de doações.
“Queria mesmo era trabalhar, para mim, um serviço ia ser a melhor coisa do mundo. Porque não gosto de ficar pedindo ajuda, sabe. Se eu trabalhasse, saberia que, pelo menos, no fim do mês, ia ter um dinheirinho para ajudar eles. Não quero viver de ajuda, quero dar uma vida digna para meus filhos”, ressalta.
Ela sobrevive somente com o Auxílio Brasil, do governo federal, desde que perdeu contato com o pai dos filhos dela, há três meses. “Ele me ajudava, mas ele mora em Curitiba (PR), e o número que eu tinha dele ficou no meu antigo celular, que estragou, e eu também tive que trocar de número. Aí agora, estou procurando ele no Facebook.”
A mãe de Mônica é quem ajuda na criação das crianças, mesmo com a saúde debilitada. A avó é aposentada, mas a maior parte do que recebe é usada no tratamento médico.
“O auxílio que eu ganho não dá para pagar nada, só as contas. E a alimentação? Fica como? Roupa e calçado ganham, mas é complicado ver eles passando por isso e não poder fazer nada, me sinto incapaz. Às vezes, pergunto para Deus, por que coloquei eles no mundo, se era para passar por isso?”, lamenta.
Mônica conta que viu o dinheiro perder valor no carrinho do supermercado. Na compra de um saco de arroz e outro de feijão, a mistura fica comprometida e o que resta é levar ovo para ser a proteína das refeições.
“As coisas no mercado subiram muito, um arroz, um feijão que vai comprar, já dá R$ 50, mal dá para uma mistura. Muito raro é encontrar carne aqui dentro de casa, normalmente, é arroz, feijão e ovo. Agora, acabou o gás e não consigo comprar outro, estou fazendo arroz na panela elétrica que peguei emprestada.”
Sem opção, ela pede ajuda para alimentar os filhos e trocar a porta de casa. “Eu não quero dinheiro, quero dar alimentação e segurança para os meus filhos. Quem quiser vir aqui, conversar comigo, pode vir”, disse.
O telefone de Mônica para contato é o (67) 99166-8041.