"Mata no ninho": carta do PCC é encontrada com ordem de ataque às polícias em MS
Carta foi encontrada com preso da Gameleira, considerado liderança do PCC e que distribuiria ordem hoje
“Meus irmãos, pesso q vcs monitorem delegacia e arremessem dentro dos batalhões para após ser detonada trazem prejuízos e baixas de policiais. Por isso o nome mata no ninho, vamos lutar dessa forma (...) Sucesso desde já, deixo abraços a vos darei novos passos logo. Abraço do Gibi/Execução lutar contra a máquina opressora é nossa meta.”
Este é o trecho da carta do PCC (Primeiro Comando da Capital) encontrada ontem de manhã, com Guilherme Azevedo dos Santos, 29 anos, interno da Penitenciária Estadual Masculina da Gameleira, em Campo Grande, durante revista na cela 6 do Pavilhão 1. No texto, informações de como criar artefatos explosivos que seriam lançados nos batalhões da PM (Polícia Militar) e de delegacias da Polícia Civil do Estado.
A Polícia Civil pediu que o preso seja transferido para o Presídio Federal com celeridade, por conta do grau de periculosidade e pelo conteúdo da carta ou, pelo menos, mantido na Gameleira.
O manuscrito estava na costura do short de Santos e foi encontrado durante revista de rotina no estabelecimento penal. O preso, tanto no flagrante quanto durante registro da ocorrência, se recusou a falar e também não quis ser submetido a exame grafológico, para identificar se a letra da carta era dele.
Guilherme Azevedo dos Santos também é conhecido como “Gibi/Execução” seria uma das lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital), conforme registro do boletim da ocorrência feito na Dracco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado). Atualmente, cumpre pena por tráfico de drogas e organização criminosa (por 3 vezes), tentativa de homicídio e receptação.
Segundo a Dracco, ele iria receber visitas hoje (1º), quando aproveitaria para repassar o manuscrito que “chegaria às ruas e aos demais membros do PCC”.
Conforme registro, acredita-se que seja ordem direta do PCC para ataques, até por conta do palavreado usado, como “tabuleiro”, “irmandade”, “irmão”, “nossa evolução”, "afilhados" e “tabuleiro mata no ninho”, este último, sobre executar policiais nos batalhões. “Gibi/Execução” integra posição de liderança e exerce poder de influência dentro da facção criminosa.
No texto, após cumprimentos, "Gibi/Execução" se dirige aos companheiros de Caarapó e região. O município, distante 274 quilômetros de Campo Grande, seria área de atuação do preso.
O plano, conforme o manuscrito, é "dar baixa em PMs e Civil q vem matando e atracando nossa evolução nessas cidades". Segundo o faccionado, "vai se chamar tabuleiro mata no ninho, novo projeto direto de mim para os afilhados (sic)". Em seguida, começa a passar instruções de como montar artefato explosivo.
A orientação era usar pavio que auxiliaria para cronometrar a ação e deveria ser lançado para ser detonado dentro da unidade policial após cinco segundos.
A polícia pede que ele seja transferido para algum presídio federal. “É notório os inúmeros ataques perpetrados pelas facções criminosas contra as instituições (...) os atores do Sistema de Justiça Criminal devem responder tais condutas que causam instabilidade social e caos (...)”.