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Capital

Médico afastado de posto se diz surpreso e alega perseguição política

Ginecologista do CRS Tiradentes desafia prefeito a questionar suas pacientes sobre o atendimento prestado

Danielle Valentim | 01/03/2019 12:30
Entrada da unidade de saúde do Tiradentes, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã).
Entrada da unidade de saúde do Tiradentes, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã).

“Falta de respeito e perseguição política”. Essa é a alegação de um dos quatro médicos concursados que a partir desta sexta-feira, 1º de março, estão afastados por 60 dias dos atendimentos na CRS (Centro Regional de Saúde), do Bairro Tiradentes. O ginecologista Alex Bortotto Garcia foi surpreendido com a decisão e desafiou o prefeito Marquinhos Trad (PSD) a questionar suas pacientes sobre o atendimento prestado diariamente.

Publicação no Diário Oficial de Campo Grande confirmou o afastamento por dois meses como medida cautelar diante da abertura de um processo de sindicância que investigará a prestação de serviços dos profissionais.

O Campo Grande News conversou com o ginecologista Alex Bortotto Garcia. Ele é ex-presidente do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) e atende na Unidade Básica de Saúde Dr. Antônio Pereira. Sentindo-se injustiçado, ele alega perseguição política por parte do prefeito.

“Eu lanço o desafio para que o prefeito venha até a unidade questionar minhas pacientes sobre o meu atendimento. Eu atendo todos os dias de manhã e até paciente que não estava marcada. Por ser ambulatório, funciona com agenda, mas atendo encaixes. Esse afastamento é um desrespeito com o profissional, uma perseguição política”, alega o ginecologista.

Garcia pontua que ele e os três colegas foram pegos de surpresa e reclama que nunca foram avisados sobre qualquer descumprimento de norma.

“Por que só no nosso posto? Por que nunca fui chamado à Secretaria? Nunca nos deram nenhum tipo de infração sobre descumprimento de normas. Acredito que antes do afastamento deveriam nos chamar e nos apontar o que estava sendo infringido fiquei surpreso e me sinto desrespeitado. Falei hoje cedo com a outra médica que também não entendeu o motivo do afastamento”, disse o médico.

A reportagem não conseguiu contato com dois profissionais. Um quarto médico afirmou não ter sido notificado e não quis comentar sobre a situação.

Assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal foi indagada sobre a alegação de perseguição política, mas até a publicação da matéria não havia se posicionado.

Caso - Informação apurada pelo Campo Grande News é de que os quatro profissionais se recusaram a cumprir horário e a atender pacientes.

Ainda segundo a prefeitura, a indisciplina dos profissionais seria uma represália às visitas do prefeito nas unidades de saúde. Os médicos teriam apresentado atestados frequentes, se recusado a atender pacientes e demonstrado que iriam atender mal a população – por isso a decisão foi pelo afastamento.

Esta é a primeira ação mais grave tomada pela administração municipal, depois das inúmeras reclamações dos usuários e das visitas. Contudo, mesmo afastados, os profissionais vão receber suas remunerações, com exceção das gratificações, adicionais e plantões. Punições mais severas, que podem chegar à demissão, só ocorrem após o fim da sindicância.

Hoje, são 495 médicos na rede pública de saúde concursados e 574 são profissionais convocados, de acordo com o secretário-adjunto de Gestão, Igor Barreto. A maioria dos problemas é relacionada aos médicos concursados.

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