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Capital

Menino com sinais de maus-tratos divide barraco com mais 8 irmãos e a mãe

Moradores deram leite à criança que perambulava sozinha, resgataram e procuraram por familiares no bairro

Lucia Morel | 23/07/2023 18:08
Apesar da qualidade ruim da foto, é possível observar marcas de queimadura no braço direito. (Direto das Ruas) 
Apesar da qualidade ruim da foto, é possível observar marcas de queimadura no braço direito. (Direto das Ruas)

Moradores que encontraram o menino de 2 anos de idade abandonado em rua do bairro Jardim Noroeste contaram que ele ficou de três a quatro horas sozinho e brincando sobre um monte de areia na rua onde foi resgatado. Eles também tentaram identificar, através de mensagens e fotos por celular, a família da criança, que segundo a polícia, pode ter sido queimada com cigarro.

O serralheiro responsável por chamar a polícia para atender o menino tem 39 anos e contou que saiu com a esposa, por volta das 14h de ontem, e viu algumas crianças e o menino já sobre o monte de areia, brincando. “Achei que ele estava junto com as outras crianças, então não me importei”, disse.

Ao retornar, por volta das 18 horas, a criança permanecia no mesmo lugar, mas deitada e somente de shorts, sem nenhum casaco e sozinha. “No fim do dia, aqui esfria bastante e comecei a ficar preocupado”, comentou o serralheiro. Eles então mandaram novamente mensagem nos grupos, mas nada de encontrar a família.

Barraco onde criança morava com a mãe e mais oito irmãos. (Foto: Paulo Francis)
Barraco onde criança morava com a mãe e mais oito irmãos. (Foto: Paulo Francis)

Ele contou que ele e a sogra se aproximaram da criança, que não falou nada. Um cachorrinho estava perto dele e o menino brincou com ele. “Perto dele a gente sentou que estava todo cheio de xixi e cocô. Um cheiro forte e bem sujo”, lamentou.

Havia ainda medo deles em levar a criança para dentro de casa e serem acusados de maus-tratos ou coisa pior. Mesmo assim, chamaram a criança e lhe deram leite. E então, ligaram para a polícia, porque ninguém no bairro tinha identificado algum familiar do menino.

Quando a polícia chegou, ele contou todo o caso e a sogra perguntou à policial que atendia a ocorrência se poderia dar um banho na criança, o que foi negado. Nesses casos, o banho poderia esconder detalhes que seriam necessários para exames posteriores, e assim, apenas um casaco foi colocado no menino.

Eu sou pai e não imagino meus filhos nessa situação. Eu não fiz isso pra ganhar ibope. Eu fiz de coração, fiquei preocupado”, desabafou, ao não querer se identificar. Entretanto, ele acabou informando seu nome, que não será divulgado para não identificar a criança.

O Conselho Tutelar foi acionado e está tomando conta da criança. Não foi informado se ela foi para a casa de algum familiar ou abrigo. Na casa dela, em um barraco no Jardim Noroeste, a reportagem esteve esta tarde, mas ninguém atendeu.

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