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Capital

Mesmo com agendamento para perícia, ida ao INSS é “viagem perdida”

À mercê da greve dos servidores, população da Capital e interior fica sem atendimento

Por Jéssica Fernandes e Clara Farias | 19/12/2024 11:56
Mesmo com agendamento para perícia, ida ao INSS é “viagem perdida”
Maria Aparecida e o filho vieram de Jardim para atendimento na agência da Capital. (Foto: Henrique Kawaminami)

Os reflexos da greve dos médicos peritos do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) seguem sendo sentidos pela população. Nesta quinta-feira (19), Maria Aparecida de Oliveira, de 44 anos, saiu da cidade de Jardim ainda de madrugada, mas não conseguiu ser atendida em Campo Grande, na agência na Rua Anhanduí, no Centro.

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A greve dos médicos peritos do INSS causa grande impacto na população, com cidadãos enfrentando longas viagens e frustrações por não conseguirem atendimento. Indivíduos com diversas necessidades, desde crianças autistas até adultos com problemas de saúde e trabalhadores buscando retorno ao emprego, relatam dificuldades e prejuízos devido à paralisação, que afeta o acesso a benefícios e perícias médicas. Apesar das reivindicações dos servidores, como reconhecimento de carreira e manutenção do teletrabalho, o INSS ainda não se manifestou sobre o impacto da greve no atendimento.

Dona de casa, Maria estava com a perícia marcada para o filho, de 10 anos, que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) desde o dia 5 de novembro. Ela, o filho e a filha, de 3 anos, saíram da casa em Jardim às 3h da madrugada para conseguirem chegar na hora marcada. Às 8h já aguardavam a perícia das 9h.

Fui pro ponto de ônibus em Jardim às 2h, mas o motorista só chegou 3h30. Foram mais ou menos três horas e meia de viagem e uma viagem perdida”, desabafa.

Mesmo com agendamento para perícia, ida ao INSS é “viagem perdida”
Público em frente à agência da Rua Anhanduí na manhã desta quinta. (Foto: Henrique Kawaminami)

Apenas depois de chegar à agência ela foi informada sobre a greve nacional da categoria. Para ela, a notícia poderia ter sido repassada antes da viagem em vão. “Seria bem melhor se eles enviassem um torpedo ou mensagem avisando”, afirma.

Frustração é a palavra que Kenny Durand, de 46 anos, usou para descrever o que sentiu por também não conseguir ser atendido. O legista mora no distrito de Anhanduí e às 7h já aguardava as portas da agência serem abertas.

Usando uma muleta por conta do problema de saúde no joelho, o legista relata que precisa da avaliação do perito para ter o BPC/ Loas. “Meus joelhos já não me aguentam mais, é um sacrifício para conseguir marcar e, quando consegue, está tudo parado. Perguntei se podiam fazer o encaixe e disseram que não”, diz.

Mesmo com agendamento para perícia, ida ao INSS é “viagem perdida”
Com dores no joelho, Kenny Durand precisa de avaliação do perito. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com queixas de dores no joelho, Kenny explica que sofreu um acidente doméstico em 2011, mas há três anos o joelho parou de sustentar o peso do corpo. Já conformado que vai fechar o ano sem conseguir passar pela perícia, ele comenta que hoje viu outras pessoas chegarem e irem embora.

“A gente sempre escutava que o pessoal dizia que era difícil, agora tô vendo que é mesmo. Um senhor que estava aqui marcou cinco vezes e nas cinco foi embora”, diz. Além desse senhor, o legista viu outras 20 pessoas, entre elas algumas que estavam em cadeiras de rodas.

Enquanto uns procuram o INSS devido à necessidade de um benefício ou afastamento, outros só esperam o aval do instituto para voltar ao mercado de trabalho. Esse é o caso de Alexandre dos Santos Borges, que teve uma hérnia de disco há três meses, se recuperou e foi liberado pelo médico.

Mesmo com agendamento para perícia, ida ao INSS é “viagem perdida”
Com vontade de voltar ao trabalho, Alexandre já procurou INSS duas vezes. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Eu só quero voltar a trabalhar, o médico já me liberou e eu não consigo voltar enquanto não tiver laudo da perícia. Estou com contas atrasadas, dia 11 de dezembro meu filho fez aniversário e não tive nem como dar o presente pra ele”, lamenta.

Operador de logística, ele procurou o INSS no dia 11 de novembro, não conseguiu ser atendido e foi remarcado para esta quinta-feira. Mais uma vez, Alexandre saiu do prédio sem conseguir o que precisava. “A gente tem o direito, a gente contribui o ano inteiro para chegar aqui e acontecer isso”, completa.

Greve - Desde julho deste ano, servidores do INSS de todo País aderiram à greve. Na Capital, no dia 19 do mesmo mês, apenas um funcionário estava trabalhando na agência 26 de agosto. Na data, 74 pessoas estavam agendadas.

Entre as reivindicações dos servidores estão o reconhecimento da carreira do seguro social como Carreira Estratégica (típica de estado); alteração do nível de ingresso para técnico do seguro social para nível superior; cumprimento do acordo de greve de 2022; manutenção do teletrabalho, diante das intenções do presidente do INSS de extinguir essa modalidade e incorporação da GAE (Gratificação de Atividade Executiva).

A reportagem procurou o INSS, via assessoria, questionando como está sendo feito o atendimento no período, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto.

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