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Capital

Mesmo sem estragos, chuva é sempre sinal de alerta no Bom Retiro

Adriano Fernandes | 30/08/2016 18:32
Com a lona que conseguiu emprestada, Adriano tenta minimizar as goteiras do seu barraco, durante a chuva. (Foto: Adriano Fernandes)
Com a lona que conseguiu emprestada, Adriano tenta minimizar as goteiras do seu barraco, durante a chuva. (Foto: Adriano Fernandes)

A ameaça de temporal é sempre um sinal de alerta para que vive no loteamento Bom Retiro, na região da Vila Nasser, em Campo Grande. A cada chuva o reforço dos barracos é improvisado, das paredes ao teto, na esperança de que a estrutura se mantenha de pé.

Por lá, as pancadas de chuva começaram por volta das 19h de ontem, sem ventos fortes, segundo os moradores. “Como sempre acontece, molhou todo o meu barraco. A água entra pelo teto, nas laterais então a gente improvisa como pode”, conta o pedreiro Adriano de Jesus, de 26 anos.

Enquanto falava com a reportagem o rapaz cobria o seu barraco com uma lona que havia conseguido emprestada. “É uma forma de minimizar o problema para minha mulher e meus dois filhos”, conta.

Os transtornos são menores se a chuva não é acompanhada de ventania, conta o desempregado Mario Justiniano Padilha, de 42 anos. “Pelo menos não ventou forte, mas a gente sempre se previne para evitar o pior. Dessa vez não comprometeu a estrutura da minha casa, mas tive que tampar os buracos do Eternit com silicone para diminuir as goteiras”, diz.

O servente Adriano da Silva, de 50 anos, ensina o hábito que já virou rotina quando o mau tempo chega. “Eu saio procurando madeira para usar nas paredes, qualquer material que seja refugo de construção. Consegui doação de pedra, areia para construir. Essa telha aqui eu consegui recentemente e então molhou menos essa noite. Tem que correr atrás para ter onde morar porque infelizmente é só essa a nossa moradia por enquanto”, se queixa.

A chuva também é um problema até mesmo na hora de ir trabalhar. “Minha patroa até me liberou do serviço hoje, porque não tem como sair daqui com esse tempo. O ponto de ônibus fica a pelo menos oito quadras daqui. Se a gente sai pelas ruas atola no barro. Está difícil”, comenta a diarista Francisca Bogado, de 53 anos.

Segundo ela a chuva, agrava ainda mais a situação dos moradores que moram na região. “Não tem como lavar uma roupa, sair de casa para trabalhar. Tem gente que nem sequer água para beber tem em casa. Mas fazer o que? A gente tenta se virar, como pode. Meu barrado não destelhou dessa vez, mas o que a gente espera de verdade é uma residência de verdade”, conclui.

As obras de construção das casa no loteamento tiveram inicio na última quarta-feira, mas foram paralisadas devido a chuva. (Foto: Adriano Fernandes)
As obras de construção das casa no loteamento tiveram inicio na última quarta-feira, mas foram paralisadas devido a chuva. (Foto: Adriano Fernandes)
Até mesmo ir trabalhar é uma dificuldade quando chove no Bom Retiro, conta Francisca, diarista. (Foto: Adriano Fernandes)
Até mesmo ir trabalhar é uma dificuldade quando chove no Bom Retiro, conta Francisca, diarista. (Foto: Adriano Fernandes)
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