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Capital

Mesmo sem obrigação, crianças ensinam benefícios em usar máscara na escola

Fiocruz indica que há aumento de infecções virais, além da covid, nas faixas etárias mais jovens, no Estado

Guilherme Correia e Cleber Gellio | 07/04/2022 11:48
Entrada dos alunos em escola municipal na Capital; máscaras deixaram de ser obrigatórias. (Foto: Marcos Maluf)
Entrada dos alunos em escola municipal na Capital; máscaras deixaram de ser obrigatórias. (Foto: Marcos Maluf)

Maria Eduarda, de nove anos, chega na escola todos os dias, por volta das 7h, acompanhada do irmão, de oito anos. Neste momento, todos estão de máscara. O dia passa, ela encontra outras crianças, faz atividades, se alimenta e brinca durante o intervalo. Em quase todas as situações, ela permanece com o acessório no rosto.

A mãe, Bruna Brum, de 26 anos, matriculou Maria na Escola Municipal Ana Lúcia de Oliveira Batista, no Bairro Paulo Coelho Machado, e admite que a filha é, por vezes, mais “disciplinada” que ela própria, quando o assunto é manter este cuidado. “Ela se sente mais segura com a máscara, ela é a mais disciplinada da família. Mas eu também uso, não frequento locais aglomerados sem a máscara.”

A garota tem asma e logo quando a pandemia começou, em março de 2020, chegou a fazer alguns tratamentos intensivos para auxiliar na respiração.

Ainda que o uso de máscaras tenha deixado de ser obrigatório em escolas de Campo Grande, algumas crianças ainda têm preocupação de usá-las no ambiente escolar, como forma de reduzir a transmissão de vírus respiratórios.

De acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) nesta quarta-feira (6), a incidência nos casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) - conjunto de sintomas provocados por vírus como influenza, coronavírus e outros -, em crianças e adolescentes mantém ascensão significativa em diversos estados desde fevereiro, inclusive em Mato Grosso do Sul.

Vale lembrar que as aulas tiveram início, tanto na rede estadual quanto municipal, em 3 de março deste ano. Antes disso, as unidades particulares já vinham retornando ano letivo presencial.

No entanto, a Fiocruz aponta que, na população em geral, há menor percentual de casos de SRAG por covid-19 desde o início da pandemia.

Aluno coloca máscara no rosto antes de entrar no colégio, nesta manhã, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Aluno coloca máscara no rosto antes de entrar no colégio, nesta manhã, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

O pesquisador da Fundação e professor de Medicina na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Everton Lemos, explica que a máscara é um tipo de barreira física que reduz o risco de passar ou pegar doenças transmissíveis por vias aéreas. “A máscara auxilia para doenças que são transmitidas por gotículas de saliva, assim como a influenza e covid-19.”

A Maria Eduarda tem asma e em alguns momentos, ela chegou a fazer uns tratamentos mais intensivo, porque tinha algumas crises, e coincidiu com o período da pandemia. Então, acabou virando um hábito”, explica Bruna, em relação à filha.

Segundo ela, mesmo que outros colegas fiquem sem, ela entende a preocupação da própria filha e a incentiva para continuar se cuidando. “Não a forcei a nada, mesmo sabendo que agora é só uma orientação da escola”, detalha.

De acordo com Lemos, a flexibilização que autoridades de saúde têm feito podem trazer alguns riscos à saúde e, portanto, torna-se necessário que a população ainda mantenha o uso, como forma de redução de danos, bem como evite frequentar espaços com aglomerações.

“Estamos no período de sazonalidade de influenza, a gripe. Começa mais ou menos no período entre abril e vai até maio, junho, quando aumenta a taxa de infecção por influenza. Então, essa é uma medida de biossegurança já conhecida, que se tornou presente no nosso País, e deve ser utilizada em situações que apresentem riscos de transmissão.”

O autônomo João Gabriel Cornélio, de 27 anos, leva diariamente o irmão Miguel, de oito anos, até o colégio. Segundo ele, moram em uma casa com cinco pessoas, incluindo idosos, e, por isso, sempre mantiveram cuidados de prevenção.

João leva o irmão, Miguel, na escola todos os dias. (Foto: Marcos Maluf)
João leva o irmão, Miguel, na escola todos os dias. (Foto: Marcos Maluf)

"Acredito que exista outras síndromes e isso está comprovado, existe embasamento. Sei que deu aumento nessas síndromes e a máscara dá uma segurança para nós”, diz João.

Ele ressalta que a preocupação não é apenas a covid-19, já que toda a família está em dia com a vacinação - os que já puderam, receberam até quarta dose -, mas sim com diferentes doenças transmitidas desta forma. Ainda assim, ele reconhece que a pandemia de coronavírus também apresenta riscos à saúde.

Tem um risco pequeno, mas tem. Muitas pessoas se negam a tomar a vacina e não se imunizaram, e é uma medida de saúde que proporciona uma defesa geral.”

Ainda de acordo com a publicação da Fiocruz, os dados laboratoriais apontam para a influência de casos associados ao VSR (vírus sincicial respiratório), em crianças de até quatro anos. Já no grupo de cinco a 11 anos, os números sugerem interrupção de queda nos casos associados à covid e aumento de casos associados a outras viroses.

Máscaras funcionam como barreiras físicas que reduzem infecção por vírus respiratórios. (Foto: Marcos Maluf)
Máscaras funcionam como barreiras físicas que reduzem infecção por vírus respiratórios. (Foto: Marcos Maluf)
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