Moradores fazem 'vaquinha' para limpar terreno abandonado na Capital
Empresários e moradores fizeram uma “vaquinha” para limpar um terreno baldio abandonado na Rua Pedro Celestino, no bairro São Francisco, em Campo Grande. Ninguém sabe quem é o dono da área e todos estão preocupados que o lugar abrigue criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. Além de mato, há um imóvel na área que tem sido reduto de usuários de drogas.
“Desde 2010 está assim, abandonado. Veio uma agente de saúde há dois meses, mas ela não conseguiu entrar porque estava trancado. De repente o local foi aberto, e agora entra gente durante a noite”, reclama João Vinícius Ferreira, 30 anos.
Ele doou quatro caçambas para retirar o lixo, enquanto os vizinhos conseguiram R$ 200 para bancar uma pessoa que está capinando o mato desde ontem. O empresário calcula que sejam necessários pelo menos três dias para que ele termine o serviço.
“Os custos foram todos rateados entre cinco pessoas. Se o dono do terreno aparecer por aqui, vou mandar ele pagar”, afirma Ferreira. Segundo ele, os moradores sabem que não tem responsabilidade com o local, mas resolveram agir para evitar a transmissão de doenças. A intenção deles é encontrar o proprietário e exigir que mantenha limpa a área.
Luiz Fenelon, 63 manos, tem uma carpintaria ao lado do terreno há 40 anos e conhece parte da história dele. “Eu alugava a área de um senhor chamado João. Usava para armazenar madeira e cedia a casa para que um funcionário morasse”, conta o empresário.
Quando o proprietário anunciou que iria se mudar de Campo Grande, Fenelon tentou comprar o imóvel, mas como não conseguiu negociar com João, desistiu do negócio. O local foi lacrado e desde então ninguém mais morou ou utilizou o local, que passou a acumular mato e sujeira.
“Eu mandei umas duas vezes roçar e carpir, mas daí trancaram o terreno. Me informaram que o atual dono tem outro terreno na rua”, relata.
Moradores relatam que há uns meses foi pregada no portão uma placa de vende-se, que já foi retirada. Eles calculam que outra pessoa tenha adquirido o terreno, mas até agora não apareceu para fazer a manutenção.
“A multa não surte efeito. A prefeitura deveria tomar o terreno e dar para outras pessoas que precisem. Isso incentiva a gente a não pagar o IPTU. Eu pago em dia, mas com certeza o imposto desse terreno não está”, reclama Fenelon.
Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura informou que não limpa terrenos particulares. Nos trabalhos de combate à dengue, as equipes entram nos imóveis fechados apenas para eliminar os focos do mosquito. O poder público relata ainda que realmente existem casos que mesmo multados, os donos não fazem a limpeza das áreas.