Moradores pedem solução para Rua Catiguá após morte e susto com criança
Frase é unânime entre moradores da Rua Catiguá, palco de tragédias e acidentes: "vai morrer mais alguém!"
Moradores dos bairros Jardim Canguru e Mário Covas, na região sul de em Campo Grande, convivem com o medo depois de uma tragédia e um susto grande na mesma rua, a Catiguá, uma das principais, acesso inclusive a escola. Em dois meses, a comunidade perdeu um jovem para a violência no trânsito nesta via e ontem à tarde, o medo de uma criança ter sido levada pela enxurrada imperou no mesmo lugar.
O clima de temor se agrava para famílias que têm crianças pequenas. Por lá, o pedido de obras nas ruas próximas à ponte do Córrego Lageado caminha junto a frase "vai morrer mais gente!".
O trauma piorou de outubro do ano passado para cá. Naquele mês, adolescente de 15 anos morreu atropelado por caminhão conduzido por motorista bêbado. A vítima, Vynniciyos Silveira dos Santos, morreu ainda no local. Ele voltava de bicicleta da casa da mãe, na Rua Catiguá, quando sofreu o acidente.
Na tarde desta quinta-feira (29), na mesma rua, um menino de três anos mobilizou equipe do Corpo de Bombeiros com a suspeita de que ele teria sido levado para dentro do mesmo córrego após a enxurrada que atingiu o bairro.
Além da proximidade com o córrego, a rua é a principal via de acesso à escola municipal Arlene Marques de Almeida, onde estudam mais de 1500 alunos da pré-escola ao 9º ano do ensino fundamental.
Sebastião Ferreira Barbosa, 52, mora no bairro há sete anos. Ele lembra com detalhes do acidente com o caminhão e afirma que, nos períodos de aula, pais e alunos precisam esperar a chuva diminuir para atravessar a rua. "As crianças ficam na rua esperando a água abaixar para poder entrar na escola. É horrível essa área! Se ninguém tomar providência vai morrer mais gente aqui! O dia do acidente estava uma chuva muito forte e tudo alagado".
O pedreiro Antônio Pereira, de 50 anos, compara o estrago das chuvas na região há 17 anos e afirma que o problema só cresce. "Cada ano está pior, já já vai morrer outra pessoa igual o menino do caminhão. Os bueiros transbordam, toda vez que chove parece um mar. Ontem quase entrou na minha casa, foi por pouco".
Michele Martins, 22, é dona de casa e redobra os cuidados com a filha de dois anos em dias de chuva. A preocupação com a enxurrada de ontem foi, também, com o marido, que usa motocicleta para trabalhar. "Quando começa a chover eu já fico preocupada. Além do menino que morreu bem aqui, meu marido já quase caiu na enxurrada, mas a vizinha foi arrastada junto com a moto em um desses temporais".
A também dona de casa Elizabeth Bezerra, 51, convive com o medo nos dias de chuva e com a indignação do lixo jogado pelos próprios moradores. "As pessoas jogam as coisas aqui. Tem pedras, entulhos, tudo prejudica a gente. Fica parecendo um rio e dá medo de sair com as crianças, porque nem carro passa, de nenhum lado".