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Capital

Moradores reclamam e obra de posto de saúde é novamente suspensa

Construção está paralisada até que a prefeitura consiga reunião no Ministério da Saúde para tentar alterar endereço da unidade.

Anahi Gurgel | 08/06/2017 18:29
Canteiro de obra de posto de saúde foi cercado com tapumes e arame farpado. Moradores reivindicam que unidade seja construída em outro ponto. (Foto: Marcos Ermínio)
Canteiro de obra de posto de saúde foi cercado com tapumes e arame farpado. Moradores reivindicam que unidade seja construída em outro ponto. (Foto: Marcos Ermínio)

Pouco mais de duas semanas após ter sido retomada, a obra de um posto de saúde do bairro Arnaldo Estevão Figueiredo, na saída para Três Lagoas, em Campo Grande, foi novamente paralisada.

O empreendimento está sendo construído em uma praça da região, usada como área de lazer pelos moradores, que são totalmente contrários à implantação da unidade no local.

A suspensão da obra foi definida após reunião dos moradores com o prefeito, Marquinhos Trad (PSD), na segunda-feira (05), quando foram expostos os motivos pelos quais eles se opõem à construção de uma UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) na área, localizada no entorno das ruas dos Borracheiros e dos Advogados.

Para a moradora Ludmila Rios Ossuna Medeiros, 21 anos, o problema da construção do posto de saúde na praça não é só estrutural, como ruas estreitas, por exemplo.

“Acima de tudo, acho que haverá interferência na convivência entre os vizinhos. É a nossa história que está em jogo. Nasci e me criei aqui. Até coloquei um balanço para as crianças brincarem na praça. Só de colocarem esse tapume já prejudica o contato entre todos", conta.

Ela disse ainda que depois do início da obra, no final de maio, o canteiro representa risco para todos os que passam pelo local, pois a área foi cercada com arame farpado e o banheiro não é químico. “Fizeram a latrina num buraco do chão, onde estavam fazendo suas necessidades, com risco de contaminar o solo”, revela a acadêmica de medicina.

"Há muitas árvores frutíferas, que foram plantadas pelos próprios moradores. Dá dó de destruírem essa praça. Ainda mais se podem contruir em outro local", disse a dona de casa Bigail Garcia da Silva, 82 anos.

Sérgio Martins em frente à praça onde posto de saúde começou a ser erguido. Ele defende que a UBSF seja construída em outra praça, com linha de ônibus, drenagem e ruas largas. (Foto: Marcos Ermínio)
Sérgio Martins em frente à praça onde posto de saúde começou a ser erguido. Ele defende que a UBSF seja construída em outra praça, com linha de ônibus, drenagem e ruas largas. (Foto: Marcos Ermínio)

Morador do bairro há 30 anos, o funcionário público Sérgio Martins, 69 anos, defende a construção da unidade no quadrilátero das travessas dos Ferreiros, Relojoareiros, dos Jornalistas e dos Gráficos, localizada a 300 metros do atual canteiro de obras. 

“Mais à frente, na outra área que era contemplada pelo projeto inicial, um posto de saúde vai atender muito mais a população, inclusive de outros bairros, como Dalva de Oliveira, Tiradentes e a Aldeia Urbana Marçal de Souza. Lá há ponto de ônibus, sistema de drenagem e escoamento viário, com ruas mais largas, capazes de suportar a movimentação típica de uma UBSF”, explicou. Na praça está localizada a sede da Associação dos Moradores do bairro.

Sérgio considera o local onde o posto de saúde está sendo construído, na praça em frente à sua residência, um “beco sem saída”, pois não dá acesso à rodovia e vias principais da região. "Aqui é uma área verde, utilizada para lazer de todos", ressalta.

Manobra política - A obra ficará parada até que o prefeito consiga agendar uma audiência com o ministro da saúde, Ricardo Barros (PP), para encontrar um meio de alterar o local novamente.

“Será uma tentativa de manobrar politicamente a situação, para que a unidade seja construída no endereço do projeto inicial. Há pressa, pois se a obra não for concluída este ano, o município terá que devolver recurso ao governo federal e ainda ressarcir a construtora”, explicou a assessoria de imprensa da Sesau. Antes da extensão, o prazo terminaria em 2016.

A reunião com Ricardo Barros, porém, não vai acontecer nesta semana, devido às "turbulências políticas que estão deixando as atividades dos ministérios em stand by", informou.

A obra tem custo total de R$ 937 mil, com recursos do Fundo Nacional de Saúde, sendo R$ 230 mil de contrapartida do município. 

Canteiro de obras com atividades paradas na tarde desta quinta-feira (08). "Não há banheiro químico; as necessidades estão sendo feitas num buraco no chão". (Foto: Marcos Ermínio)
Canteiro de obras com atividades paradas na tarde desta quinta-feira (08). "Não há banheiro químico; as necessidades estão sendo feitas num buraco no chão". (Foto: Marcos Ermínio)

Entenda o caso – A construção da UBSF no bairro foi anunciada em 2010, ainda na gestão de Nelsinho Trad (PDT). Pelo projeto inicial, a obra seria construída ao redor da Rua dos Ferreiros, mas dois anos depois, já na gestão de Alcides Bernal (PP), houve uma mobilização para que o local fosse alterado para a Rua dos Borracheiros. Começou, então, o impasse.

Em 2013, foi realizada uma votação com duas opções de endereço para escolha do novo ponto: uma na área pública localizada na Travessa dos Carpinteiros e outra na Rua dos Borracheiros, sendo que esta última obteve a maioria dos votos (onde a unidade está sendo construída).

A licitação foi lançada em agosto de 2014, mesmo ano em que houve início das atividades no canteiro de obras e, novamente, outro ato contrário por parte da Associação dos Moradores do Arnaldo Figueiredo, para impedir o início dos serviços.

Área da Travessa dos Ferreiros, na tarde desta quinta-feira (08), onde moradores querem que UBSF seja construída (Foto: Marcos Ermínio)
Área da Travessa dos Ferreiros, na tarde desta quinta-feira (08), onde moradores querem que UBSF seja construída (Foto: Marcos Ermínio)

Em novembro, foi feita pesquisa pública com moradores de toda a área de abrangência da unidade de saúde, que deliberaram pela área da Travessa dos Carpinteiros.

Em fevereiro de 2017, foi publicada portaria do Ministério da Saúde com o terceiro pedido de prorrogação para conclusão da obra. “Caso haja a devolução do recurso, o município terá que aguardar nova oportunidade por parte do ministério para atendimento do projeto de expansão nessa área de anbragência e a população continuará sem assistência da saúde da família, buscando ate4nção básica na UBS Tiradentes ou entorno”, informou a assessoria.

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