Morte de adolescente a tiros envolve traição, tráfico e roubo de R$ 7 mil
Após dois meses e meio de investigações, a Polícia Civil de Campo Grande prendeu o mecânico Rodrigo dos Reis Silva, 24 anos, acusado de matar Alex Thadeu Figueiredo Schons de Oliveira, 17 anos, no dia 13 de setembro. A polícia acredita que um suposto roubo de R$ 7 mil cometido pela vítima junto ao autor pode ter motivado o crime, porém, Rodrigo disse em depoimento que agiu por ciúmes, pois acreditava que o adolescente mantinha um caso com sua ex-namorada.
O acusado foi preso na manhã de ontem (08), na oficina onde trabalha com o pai, localizada na Avenida Fernando Corrêa da Costa. Ele foi detido em cumprimento de um mandado de prisão preventiva expedido pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital. Com o rapaz os policiais encontraram munições calibre 36 e 22, porções de cocaína, uma moto Honda Hornet 600cc, documentos de terceiros, dois capacetes sendo um da vítima, e seis embalagens com anabolizantes. Além do homicídio, ele vai responder também por tráfico e venda de anabolizantes.
Início – Segundo o delegado Fábio Anderson Ribeiro Sampaio, da 3ª Delegacia de Polícia, vítima e autor se conheceram há dois anos. Ambos trabalhavam em empresas vizinhas, Rodrigo na oficina do pai, e Alex em uma loja de som automotivo, as duas localizadas na Avenida Fernando Corrêa da Costa, perto da Rua Pedro Celestino, no Centro.
Por causa da proximidade eles ficaram amigos, e há cerca de um ano Rodrigo introduziu o adolescente em seu negócio de tráfico de drogas. “Os dois trabalhavam juntos. Alex era uma pessoa de confiança de Rodrigo”, disse o delegado.
A convivência permitiu que a vítima tivesse acesso ao local de moradia do autor, um apartamento em um residencial na Avenida dos Cafezais, região do Los Angeles. De acordo com a polícia, as investigações apontaram que em determinado momento, Rodrigo deu falta de um envelope que continha R$ 7 mil, e começou a desconfiar do menor. “O autor imaginava que Alex sabia da existência e do esconderijo deste dinheiro e que, de alguma forma, ele teria subtraído a quantia. Por este motivo, acreditamos que o crime foi premeditado”, afirma.
A morte foi tramada, supostamente, como forma de vingança. Na tarde do dia 13 de setembro, Rodrigo ligou e pediu que Alex fosse visitá-lo, pois iria comprar um carro e precisava de ajuda. O menor deixou a casa da família, na Vila Ipiranga, e foi de moto ao encontro do comparsa. Por volta das 17h30 eles se deslocaram até um terreno na Chácara dos Poderes, onde o crime aconteceu. “Eles foram na moto da vítima. Chegando ao local, Rodrigo desconversou sobre a compra do carro, sacou um revólver calibre 38 e atirou, matando Alex com dois tiros no rosto e um na nuca”, explica Sampaio.
Após o crime, o mecânico foi até a casa da namorada, no Coronel Antonino, para relatar o que havia acabado de fazer e também para pedir ajuda para acobertar o caso. A jovem se recusou, mas foi ameaçada e por isso não o denunciou. A moto foi abandonada nas proximidades da Avenida Três Barras, onde foi encontrada alguns dias depois. Rodrigo ainda foi à casa da ex-namorada, com quem tem uma filha de seis anos, para pedir apoio, mas também houve recusa. No local foi apreendido um GM Vectra que será periciado, por ter sido possivelmente usado no homicídio.
De acordo com o delegado, as investigações levaram bastante tempo, pois era preciso aguardar uma decisão judicial que autorizava a quebra de sigilo telefônico do até então suspeito. “Algumas diligências não dependem de nós. Fizemos o possível e depois que confrontamos os dados telefônicos do autor, com os registros de conversa do celular da vítima encontrado no local do crime, começamos a ter mais certeza do que aconteceu”, afirmou.
“Durante os trabalhos de apuração, soubemos do esquema de tráfico mantido entra ambos e que Rodrigo estava muito furioso com o sumiço dos R$ 7 mil, e assim, acreditava que o jovem teria sido o responsável, embora negue perante à polícia. Ele alega que a motivação foi passional. Deste modo, usa artifícios legais para conseguir redução da pena”, completou o delegado.
O inquérito já soma mais de 700 páginas e deve ser concluído nos próximos dez dias. Mais de 20 pessoas já foram ouvidas e resta apenas a apreensão da arma, que foi jogada em um córrego. “Sabemos onde o revólver foi jogado, mas precisamos de um aparato com mergulhadores e equipamentos identificadores de objetos metálicos para que possamos fazer as buscas dentro da água”. A morte do adolescente causou comoção, pois, independente das circunstâncias do crime, era tido como boa pessoa por amigos e familiares. Uma semana após o ocorrido houve uma carreata em busca de justiça. O corpo foi enterrado no cemitério Santo Amaro.