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Capital

Morto por preso veio a MS há 11 meses e só via esposa nas folgas

Luana Rodrigues | 26/11/2015 10:11
Anderson Garcia da Costa de 37 anos, estava prestes completar um ano de carreira na Polícia Civil. (Foto: Arquivo Pessoal)
Anderson Garcia da Costa de 37 anos, estava prestes completar um ano de carreira na Polícia Civil. (Foto: Arquivo Pessoal)

Morto ao ser espancado por um preso na delegacia em que trabalhava nesta quarta-feira(25), Anderson Garcia da Costa, 37 anos, estava prestes completar um ano de carreira na Polícia Civil. O investigador era natural de Cuiabá, no Mato Grosso, mas veio morar em Pedro Gomes - distante 309 quilômetros de Campo Grande - em dezembro do ano passado, para desenvolver a função para a qual prestou cocnurso.

Casado há cinco anos, Anderson morava sozinho em Pedro Gomes, mas viajava com frequência para o estado vizinho para visitar a esposa, que atualmente morava em Rondonópolis. Eles não tinham filhos.

"Era uma excelente pessoa, um excelente profissional, comunicativo e estava 24 horas alegre. Todos nós sentimos muito", conta o investigador Maurício Apolinário, colega de trabalho de Anderson.

O policial diz que a notícia da morte do companheiro de trabalho abalou a todos na delegacia. "Nós estávamos aqui no DP e sabíamos que ele estava sendo encaminhado para o hospital, mas jamais esperávamos a notícia da morte. Não sabíamos que era tão grave, ficamos em choque", disse.

Sobre a relação de Anderson com os presos, o colega é incisivo ao afirmar: "De respeito recíproco, como era com todos".

Na delegacia de Pedro Gomes trabalhavam três policiais, um por plantão, para atender ao público e as ocorrências que surgirem e cuidar de cinco presos em uma cela - já que as outras três existentes na delegacia estão interditadas. Agora serão apenas investigadores por plantão, até que outro policial seja designado para a vaga de Anderson.

Agressões - Segundo informações do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), Anderson estava retirando um preso da cela na delegacia, quando foi agredido na cabeça e no abdômen. O agressor apresentava distúrbios psicológicos.

Os golpes só pararam depois que o investigador atirou na perna do preso, que foi levado para atendimento médico na própria cidade.

O policial teve afundamento de crânio, foi encaminhado para o hospital em Coxim, porém, devido a gravidade dos ferimentos, estava sendo encaminhado para a Santa Casa, mas morreu dentro da ambulância.

Ontem a noite, das 22h às 24h, Anderson foi velado na Funerária Nippon, localizada na Rua Treze de Maio, 4477, centro de Campo Grande. Posteriormente foi transladado para Coxim, onde foi velado até às 3h da manhã, na Câmara Municipal da cidade. Depois foi levado para a cidade de Cuiabá (MT), onde residem seus familiares e será sepultado.

Tragédia anunciada - Em nota divulgada a imprensa, o presidente do Sinpol lamentou o ocorrido e citou denúncias feitas pela instituição. “Inúmeras vezes alertamos sobre o risco a que os policiais se expõem ao desempenhar uma tarefa para qual não foram treinados. O policial civil forma-se na academia para investigar e solucionar crimes, não para vigiar presos. Nós cobramos da administração pública que comece já o planejamento para a retirada dos detentos das delegacias até 2018. A retirada pode ser gradual, mas o planejamento precisa ser imediato. Será que vão esperar um policial civil ser assassinado dentro da delegacia para tomarem providência?”, enfatizou o presidente do Sinpol-MS, Giancarlo Miranda.

Nas redes sociais, colegas também lamentaram a morte do investigador. "Tragédia de hoje anunciada ontem... Até quando, Deus?! Não tem tamanho a responsabilidade do Estado pela vida ceifada de um servidor seu no exercício de sua função, aliás, em desvio de função, obrigado, sem ter tido treinamento para tanto e sem receber para tanto! Cadê a Justiça? Cadê os Direitos Humanos? Cadê a mídia e os comentaristas de redes sociais? Um herói verdadeiro morreu, servindo e protegendo a você, cidadão!", escreveu uma internauta.

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