Mosquito Aedes é preocupação em 85% dos bairros de Campo Grande
Inseto é responsável pela transmissão da dengue, da zika e também da febre amarela urbana
A Prefeitura de Campo Grande decidiu mudar a metodologia do levantamento que indica qual o nível de infestação do mosquito Aedes aegypti nas moradias. O mosquito transmite a dengue, a zika, a chigungunya e também a febre amarela urbana, por isso é motivo de preocupação frequente. O primeiro relatório do ano foi divulgado hoje, indicando que só 15% dos bairros podem ser considerados em situação "satisfatória". Do restante, 48% está em nível de alerta e 37% apresenta risco de que a infestação pelo mosquito cheque a níveis considerados preocupantes para a população.
O LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti) visita as casas para saber se há presença do mosquito. Ao anunciar o primeiro dado do ano, o coordenador de Controle de Endemias e Vetores da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), Eliasze Guimarães, informou que foram feitas alterações para que os focos sejam encontrados com mais facilidade, ajudando no combate às doenças transmitidas pelo Aedes.
No último levantamento feito pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), em outubro de 2017, eram 39 áreas avaliadas, número que passou parar 67 regiões.
O levantamento, que era feito com base em cada região da cidade, fazia a medição de, em média, doze mil residências por bairro. Com a mudança, a aferição passou a ser feita em, no máximo, oito mil imóveis por área. A redução no número de casas por área, conforme divulgado, vai permitir que o trabalho seja mais focado, além de aumentar a abrangência.
Onde está pior? Dentre as áreas com o maior índice de infestação, está a região do bairro Cidade Morena, que já tinha se destacado na pesquisa anterior. No local, dentre os 3437 imóveis, 11,7% tinham algum foco do mosquito. O bairro, no levantamento anterior, registrou o índice de 4,8%.
Os bairros Universitário e Itamaracá também registraram altos índices de infestação do mosquito, com valores 10,9% e 9,6% respectivamente. No levantamento anterior, o valor mais alto tinha sido de 1%.
Outros bairros, que anteriormente também estavam em situação alarmante eram o Noroeste e Moreninhas, que continuam em estado de alerta, mas já passaram por intervenção da prefeitura. "Na semana que vem iremos fazer levar o Cidade Limpa, que já passou por esses outros bairros, para o Cidade Morena", explica Elizasze.
Classificação - As áreas analisadas pela coordenadoria de controle de endemias e vetores são classificadas em três níveis diferentes dependendo do número de focos encontrados nos imóveis.
Somente 15% dos imóveis da cidade estão na classificação "satisfatório", onde em menos de 1% dos locais visitados foram encontrados focos. Ao todo, 48% dos bairros estão em alerta, já que nesses locais as taxas de infestação variam de 1% a 3,9%.
As regiões com classificação de risco totalizam 37% da cidade. Nesses locais, foram encontrados focos do mosquito em mais de 3,9% dos imóveis. Áreas com essa avaliação estão em risco iminente de sofrerem com epidemias.
Conforme a enfermeira responsável pelos dados epidemiológicos da Sesau, Nilma Chaves, a situação ainda pode se agravar mais. "Sempre, em períodos pré-epidêmicos, nós temos um aumento de infestação na 13ª semana do ano, e temos que observar isso", completa.
Doenças - O mosquito Aedes aegypti transmite quatro doenças e três delas são constantemente monitoradas pela Sesau. A dengue, chikungunya e zika são as que mais preocupam, já não há registro febre amarela urbana na cidade.
Em Campo Grande, foram registrados 436 notificações de dengue até o dia 20 de fevereiro, mas nenhum deles foi confirmado pela secretaria.
De acordo Nilma, o vírus da chikungunya já circula na cidade. "Não houve nenhum caso até agora, mas como não conhecemos o ciclo da doença, talvez no próximo verão teremos uma epidemia dupla", explica. Dos 18 casos suspeitos do vírus nesse ano, nenhum foi confirmado.
As notificações de zika foram 26 entre o início de janeiro e o dia 20 de fevereiro desse ano, sem nenhuma confirmação. Nos mesmos dois meses, em 2017, foram apenas duas notificações a mais na capital.