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Capital

Mosquitos com bactéria vão ajudar no combate a dengue em Campo Grande

Cronograma inclui divulgação de informações, questionário para obter aprovação da população e a preparação dos mosquitos

Aline dos Santos e Tatiana Marin | 15/04/2019 12:15
Aedes aegypti  transmite quatro tipos de dengue, zika e febre chikungunya. (Foto: Oxitec)
Aedes aegypti transmite quatro tipos de dengue, zika e febre chikungunya. (Foto: Oxitec)

Com recorrentes epidemias de dengue, Campo Grande está no projeto piloto, que também inclui Belo Horizonte (Minas Gerais) e Petrolina (Pernambuco), que vai usar mosquitos Aedes aegypti infectados com bactéria para conter a transmissão dos vírus da dengue, zika e febre chikungunya.

Nesta segunda-feira (dia 15), a Capital sedia seminário sobre controle do mosquito, que acontece na Escola de Saúde Pública “Dr. Jorge David Nasser”. Ministro da Saúde, o campo-grandense Luiz Henrique Mandetta, o projeto piloto usa o modelo de controle biológico. Até então, o mosquito é eliminado com inseticida. “A responsabilidade do controle do mosquito continua de todos, mas é um passo importante da pesquisa”, afirma.

O Aedes aegypti é infectado com a bactéria Wolbachia e para de transmitir os vírus das três doenças. “É uma bactéria inerte ao ser humano. Os mosquitos são liberados na natureza e se impõem aos mosquitos selvagens. Acaba com a necessidade dos inseticidas. A pesquisa passou muito bem pela fase teórica, ensaio clínico, laboratório e também cidades pequenas. Agora, é a fase de testar em cidades com população maior de 500 mil habitantes”, afirma o ministro.

Pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Luciano Moreira afirma que o método era utilizado na Austrália, mas para infectar insetos e controlar doenças em frutas. Ele esclarece que o mosquito não passa a bactéria para os seres humanos.

A previsão é de que o trabalho comece no segundo semestre em Campo Grande. Conforme o pesquisador, as etapas incluem divulgação de informações, questionário para obter aprovação da população e a preparação dos mosquitos.

“Não pode pegar do Rio de Janeiro e trazer para cá. Tem que coletar os mosquitos, fazer o cruzamento para ficar infectado com a bactéria, ter quantidade suficiente e fazer a introdução do mosquito na natureza por 16 semanas”, diz Moreira.

O procedimento leva até seis meses para que os mosquitos com a bactéria cheguem às ruas. Depois de um ano, até 90% dos mosquitos já têm a bactéria que reduz a transmissão dos vírus.

“Os resultados começam a ser percebidos depois de um ano da introdução dos mosquitos. Foi observada uma redução significativa, de mais de 80% na transmissão da dengue. Esses resultados foram observados em vários países. O Brasil permite observação com uma escala importante. A pesquisa é de 2012”, afirma a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

Vacina – Conforme Mandetta, a pesquisa de vacina contra a dengue, liderada pelo Instituto Butantan, já passou por quatro fases e agora chegou à etapa mais cara, com teste em vários países de todos os continentes.

“O Butantan bate na tecla de dose única para os quatro vírus. A ciência achava que era impossível conseguir, mas conseguiram estabilidade e as vacinas demonstraram 86% de eficácia”, afirma.
Para a quinta fase, o instituto fez parceria com a farmacêutica MDS (Merck Sharp & Dohme). A dengue matou 11 pessoas e registra 21 mil notificações em Mato Grosso do Sul.

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