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Capital

MPE mantém força-tarefa contra desvios de recursos por mais 6 meses

Integrantes do Gaeco estão há um ano atuando na operação e continuarão até 28 de abril, autorizou Conselho Superior

Anahi Zurutuza | 03/11/2016 07:32
João Amorim quando foi preso em julho deste ano (Foto: Amanda Bogo)
João Amorim quando foi preso em julho deste ano (Foto: Amanda Bogo)
Giroto quando foi preso na terceira fase da operação (Foto:  Marco Miatelo/Diário Digital)
Giroto quando foi preso na terceira fase da operação (Foto: Marco Miatelo/Diário Digital)

O trabalho da força-tarefa que apura esquema de desvio de milhões de obras em Mato Grosso do Sul e identificou a existência de organização criminosa para se apropriar dos recursos públicos e “lavar” o dinheiro está longe de chegar ao fim. Prova disso é que os promotores de Justiça que atuam na Lama Asfáltica, operação deflagrada há um ano e quatro meses e que já levou pelo menos 15 pessoas para cadeia, continuarão o trabalho de vasculhar contratos e evidências de irregularidades por mais seis meses.

Na semana passada, o Conselho Superior do MPE (Ministério Público Estadual), por unanimidade, autorizou que Thalys Franklyn de Souza e Tiago Di Giulio Freire continuem trabalhando na força-tarefa até 28 de abril do próximo ano. Os dois, integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), fazem parte da equipe da Lama Asfáltica há um ano, desde 28 de outubro do ano passado, conforme consta na publicação do Diário Oficial do MP desta quinta-feira (3), já disponível no site do órgão.

Por meio de investigações feitas pela PF (Polícia Federal), Gaeco, MPF (Ministério Público Federal), CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal, a força-tarefa apontou o empreiteiro João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco Construções e de vários contratos com o governo do Estado, e o ex-secretário de Obras, Edson Giroto, como líderes no esquema. Os dois foram presos em novembro do ano passado, maio e em junho deste ano.

De início, em julho de 2015, integrantes da força-tarefa divulgaram que investigaram contratos que somavam R$ 45 milhões e identificaram R$ 11 milhões em prejuízos aos cofres públicos. Mas, a operação teve várias fases.

Obras como a do Aquário do Pantanal e de pavimentação e recuperação de rodovias foram alvo de apuração.

Em novembro de 2015, Amorim e Giroto e mais sete foram presos após aprofundamento nas investigações sobre as obras em estradas e a evidência de R$ 2,9 milhões em desvio de recursos.

PF quando cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Amorim (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
PF quando cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Amorim (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Avião foi apreendido na terceira etapa da Lama Asfáltica (Foto: PF/Divulgação)
Avião foi apreendido na terceira etapa da Lama Asfáltica (Foto: PF/Divulgação)

Fazendas e Aviões da Lama – A segunda fase da operação, entretanto, foi deflagrada em maio deste ano, quando PF prendeu 15 pessoas, bloqueou bens no valor de R$ 43 milhões de 24 investigados e cumpriu inúmeros mandados de busca e apreensão, inclusive na casa do ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Nesta etapa, chamada de Fazendas da Lama, foi identificado desvio de R$ 44 milhões e a formação de uma “rede de laranjas” composta por familiares e terceiros para a lavagem do dinheiro obtido de forma ilícita pelo integrantes da organização.

Esses valores, conforme apontou a investigação, foram usados principalmente na compra de fazendas, que totalizaram 67 mil hectares espalhados por Mato Grosso do Sul.

Até então, a força-tarefa havia investigado R$ 195 milhões em contratos e os R$ 44 milhões representavam a soma dos R$ 11 milhões em prejuízos encontrados na primeira fase da operação e mais R$ 33 milhões.

Giroto e Amorim também tiveram as prisões decretadas na operação Aviões da Lama, que investigava a dilapidação do patrimônio dos líderes do esquema. A venda de um avião e saques que totalizaram R$ 18 milhões em um ano e sete meses motivaram a terceira ida da dupla para a cadeia.

Coffee Break - O que foi apurado na força-tarefa rendeu ao Gaeco o comando de uma segunda operação, a Coffee Break, que investigou a compra de votos de vereadores de Campo Grande para cassar o prefeito Alcides Bernal (PP). João Amorim teria pagado propina aos parlamentares que eram convidados para “um cafezinho” na Proteco.

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