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Capital

MS é campeão em maconha "per capita" apreendida no Brasil

A média nacional é de 85 gramas, mas Mato Grosso do Sul ultrapassa os números, chegando a 1,1 kg

Bruna Marques | 26/05/2023 11:00
Pilha de tabletes de maconha em entreposto do tráfico ligado ao PCC em Ponta Porã. (Foto: Divulgação)
Pilha de tabletes de maconha em entreposto do tráfico ligado ao PCC em Ponta Porã. (Foto: Divulgação)

Mato Grosso do Sul é o estado com maior média "per capita" de maconha apreendida. As análises foram feitas pelo cálculo da quantidade de droga encontrada com detidos e processados por tráfico de drogas. Os dados são de uma pesquisa divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e foram repercutidos em uma reportagem do jornal O Globo.

O Estado é conhecido como a porta de entrada de entorpecentes do Paraguai, levantamentos feitos em outros Tribunais de Justiça do país apontam processos por tráfico com volume de droga abaixo de 150 gramas. A média nacional é de 85 gramas, mas Mato Grosso do Sul ultrapassa os números, chegando a 1,1 kg.

Os cinco estados com maior mediana de maconha apreendida nos processos; e os cinco com menor. (Foto: Ipea)
Os cinco estados com maior mediana de maconha apreendida nos processos; e os cinco com menor. (Foto: Ipea)

Atrás de Mato Grosso do Sul está o estado do Rio de Janeiro, com 147 gramas. Na sequência, vem Pernambuco com 112 gramas, Santa Catarina, com 111; e Paraná, com 109 gramas.

Em compensação, nos estados do Ceará, Piauí, Espírito Santo, Roraima e Amazonas, a média de quantidade de maconha apreendida foi menor ao dado nacional.

O estudo do Ipea diz que a maioria das pessoas presas com droga são processadas por tráfico, ainda que carreguem pouca quantidade do entorpecente. Porém, 27 a 48% dos condenados, apreendidos com entorpecentes, poderiam ser absolvidos.

Cocaína - No que se refere apreensões de cocaína, nos estados da região Sudeste e Norte, parecem ser mais frequentes. Rio de Janeiro, Alagoas, Roraima e São Paulo, lideram o ranking.

Já os estados de Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Goiás, Distrito Federal e Maranhão apresentaram números menores de apreensões.

O defensor público federal do Amazonas, João Thomas Luchsinger esteve recentemente em Ponta Porã, cidade na fronteira do Paraguai, e uma das mais afetadas pela rota do tráfico de maconha. Segundo ele, a situação por lá é bastante peculiar, em comparação com o restante do país. A ponto de policiais relatarem que pessoas flagradas com 5 kg da droga costumam ser liberadas, tamanho a banalização da droga.

“A orientação informal é de apenas apreender, encaminhar para destruição, mas não lavrar flagrante”, explicou o defensor.

Em entrevista ao jornal O Globo, especialistas e juristas que acompanham o tema afirmam que os números mostram a ineficiência da política de combate às drogas. Um sistema que gera muitas prisões, mas não resolve o problema de segurança pública.

“Pela nossa experiência, é possível constatar que o perfil das pessoas presas por tráfico são homens bastante jovens, de 18 a 25 anos, de baixa escolaridade, negras, moradores de áreas periféricas e pobres — afirma Fernando Mestrinho, defensor público do Amazonas. Do ponto de vista da política criminal, não é bom para a sociedade que haja tantas prisões de pessoas tão jovens por causa de quantidades tão pequenas, porque eles são presos num sistema desumano e aí podem ser cooptados pelo crime. Do ponto de vista econômico, também é contraproducente. O custo hoje médio no Amazonas é de R$ 3 mil mensais por preso. Não faz sentido gastar tanto dinheiro para manter esses jovens presos por causa de 20 gramas”.

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