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Capital

Mulher trans denuncia salão por ter sido barrada após reclamação de cliente

Bruna diz que ontem foi barrada pela gerente do salão na Rua Antônio Maria Coelho, sob alegação que não se atende pessoas assim

Silvia Frias | 19/12/2020 09:15
Bruna diz que é cliente da loja há 3 anos e nunca tinha sido barrada (Foto/Arquivo pessoal)
Bruna diz que é cliente da loja há 3 anos e nunca tinha sido barrada (Foto/Arquivo pessoal)

A esteticista de pet Bruna Vitória Bazan Cruz, 28 anos, foi à polícia denunciar salão no centro de Campo Grande por ter sofrido preconceito, ao ter sido impedida de ser atendida, sob alegação de que "não atendemos pessoas assim, gays”. Bruna é mulher trans e frequentava o local há 3 anos.

“Eu nunca passei por isso, foi horrível”, disse Bruna. Ela contou que foi ao salão e loja Le Moulin, localizado na Rua Antônio Maria Coelho para ser atendida por designer de sobrancelha. “Há 3 anos vou no mesmo lugar, sempre fui bem atendida pelas meninas, nunca tive problema”.

Ontem, por volta das 12h10, foi diferente. Bruna disse que a gerente a chamou e disse que, a partir de agora, não poderia mais atender “pessoas assim”. A esteticista rebateu. “Assim, como?”. A gerente respondeu “Gay”.

Bruna respondeu que não era gay, mas uma mulher trans. “Eu não sei a diferença”, teria dito a gerente. “Olha minha certidão, meu sexo é feminino”, rebateu. Ela explicou que sempre carrega a certidão e o RG, em que mostra a mudança do nome adotada há 3 anos.

Bruna disse que a gerente deveria pesquisar sobre o assunto antes de tê-la abordado de maneira constrangedora. Segundo a esteticista, a resposta da funcionária do salão é que uma cliente teria visto quando a jovem saiu do local, dias antes e reclamou, perguntando se o salão agora atendia homens e se ela teria que se deitar na mesma “maca que ele se deitou”.

Bruna diz que está sempre com RG e certidão na carteira (Foto/Reprodução)
Bruna diz que está sempre com RG e certidão na carteira (Foto/Reprodução)

A conversa continuou, o que teria sido testemunhado pelas atendentes do salão e por amiga de Bruna, que foi relacionada como testemunha na ocorrência.

“Falei para ela que não estava solucionando o problema, estava aumentado a situação. De acordo com Bruna, a funcionária dizia a todo o momento “eu sou a gerente”, assumindo a responsabilidade.

Bruna diz que fez questão de registrar o caso. “Sempre entrei e saí dos lugares, nunca tive problema em usar banheiros, sempre fui respeitada, fiz questão de denunciar”.

O boletim de ocorrência foi registrado como “impedir acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, (...)”, previsto na Lei 7716/89, que define os crimes de preconceito de raça ou de cor.

A reportagem entrou em contato com a gerente citada no boletim de ocorrência e a resposta é que não irá se pronunciar sobre a situação e que o caso foi passado para advogado. Diz que não é dona do local e os representa quando está trabalhando.

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