ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Na UFMS, Ministério lança programa para resgatar "valores da família"

Sessenta famílias da Capital serão selecionadas para sete encontros de "fortalecimento dos laços"

Anahi Zurutuza e Clayton Neves | 30/09/2021 19:47
Secretária nacional da família, Angela Gandra, durante discurso em Dourados, ond e programa já foi lançado (Foto: Leandro Silva/Prefeitura de Dourados)
Secretária nacional da família, Angela Gandra, durante discurso em Dourados, ond e programa já foi lançado (Foto: Leandro Silva/Prefeitura de Dourados)

Numa tarde em que discursos ignoraram as famílias que não têm o formato tradicional pai-mãe-filhos, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançou em Campo Grande, com apoio da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o programa Famílias Fortes.

O objetivo é trabalhar na Capital o fortalecimento dos laços de 60 famílias que serão selecionadas para sete encontros conduzidos por acadêmicos da instituição, que nesta quinta-feira (30), receberam certificado de participação em curso de 25 horas-aula para se tornarem “facilitadores familiares”.

Além da secretária nacional da família, Angela Gandra, participaram do evento, o procurador de Justiça do Ministério Público do Estado de MS, Sérgio Harfouche, e o deputado federal Luiz Ovando (PSL), responsável por repasse de R$ 210 mil em recursos da União para a realização dos encontros das famílias sul-mato-grossenses.

O procurador, que por muito tempo atuou na Promotora da Infância e Juventude, é defensor que crianças e adolescentes tenham criação rígida e considera o programa importante para dar direcionamento aos pais. “Criança e adolescente querem sim regras e querem saber por aonde ir, por onde caminhar e cabe a nós dar esse direcionamento”.

O deputado Luiz Ovando foi além. Ele diz acreditar que “não há forma diferente de se avançar socialmente sem que haja solidez e a funcionalidade adequada da família”, disse que a instituição tem sido atacada constantemente e que “não tem jeito”, “você pode não gostar do modelo da família instituído na Bíblia, em Genesis, mas não tem outro formato, é o formato digno na sociedade”.

O parlamentar referiu-se a passagem bíblica que diz: “por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”, sobre a formação de novas famílias.

Apesar do discurso voltado para formato que já não é mais “obedecido” pela maior parte das famílias brasileiras – em 2015, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a configuração “homem, mulher e criança” passou de 58% para 43%, no total –, a secretária nacional afirma que o programa não é apegado a um conceito.

“O programa fala em fortalecimento de vínculos familiares, a gente quer o fortalecimento das relações humanas dentro da família, os municípios que vão escolher quais as famílias mais necessitadas. Não estamos falando de conceito. Famílias monoparentais, por exemplo, existem várias”, justificou.

O programa – As famílias participarão de 7 encontros para tratar de temas como “metas e sonhos”, “regras em casa”, “como lidar com o estresse” e “como fortalecer a comunicação familiar”. Além disso, um dos objetivos do programa é proteger crianças e adolescentes contra o álcool e drogas e lutar contra a iniciação sexual precoce e desprotegida.

Além da Capital, o Famílias Fortes já foi lançado em Dourados e Ponta Porã, mas com a ajuda da UFMS, a meta é expandir para as 10 cidades onde a universidade têm polos.

A Adufms (Associação dos Docentes da UFMS) divulgou nota de repúdio, dizendo que “a promoção deste programa por parte da UFMS é preocupante, pois além de ser uma decisão unilateral da reitoria, que não foi discutida pelos conselhos superiores da UFMS, demonstra o desprezo da atual gestão à diversidade e sua adesão à pauta ultraconservadora do governo federal, partindo de um conceito único de família que não leva em conta os diversos modelos presentes na sociedade, além de trazer métodos ultrapassados de combate ao uso de drogas que vão na contramão do que orienta a OMS [Organização Mundial da Saúde]”.

Nos siga no Google Notícias