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Capital

Na volta do trabalho, pedreiro viu a morte ao ser atingido por linha com cerol

O caso aconteceu no fim da tarde do último sábado (9), por volta das 18h, na Rua Engenheiro Paulo Frontin

Viviane Oliveira | 11/05/2020 11:33
Luiz levou oito pontos no pescoço e recebeu alta nesta manhã (Foto: assessoria/Santa Casa)
Luiz levou oito pontos no pescoço e recebeu alta nesta manhã (Foto: assessoria/Santa Casa)

Na volta do trabalho pilotando uma motocicleta, o pedreiro Luiz Batista Dos Santos, 64 anos, viu a morte de perto ao ter o pescoço cortado por linha de pipa com cerol. “Minha roupa ficou ensopada de sangue. Achei que ia morrer”, disse na manhã desta segunda-feira (11) à reportagem, em entrevista por telefone.

O caso aconteceu no fim da tarde do último sábado (9), por volta das 18h, na Rua Engenheiro Paulo Frontin, no Jardim Los Angeles, em Campo Grande. Luiz foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para a Santa Casa com corte de 10 cm no pescoço.  Sangrando muito.

O trabalhador passou por procedimento cirúrgico devido a uma lesão cervical traumática, levou 8 pontos no ferimento e teve alta médica nesta manhã. “Por sorte não atingiu as veias importantes”, conta, ao relembrar como esteve perto do pior.

Luiz contou que havia trabalhado o dia inteiro em canteiro de obras no Bairro Nova Lima (região norte da cidade) e voltava para a casa pilotando a motocicleta quando sentiu algo o segurando pelo pescoço. Já havia escurecido.

“Seguia a 35 km/h. Bati a mão e vi que era uma linha de pipa. Freei a moto de uma vez, mas não cai. Virei o pescoço, tirei a linha e o capacete, passei a mão e vi que já saía muito sangue. Então, sentei no meio-fio”, relembrou.

No fim de semana, a Guarda Municipal recolheu  192 materiais (linha de cerol e chilena) e 124 pipas (Foto: divulgação/Guarda Municipal)
No fim de semana, a Guarda Municipal recolheu  192 materiais (linha de cerol e chilena) e 124 pipas (Foto: divulgação/Guarda Municipal)

Ferido, recebeu ajuda de moradores que estavam em um bar. Eles acionaram o Corpo de Bombeiros. Enquanto aguardava o socorro, Luiz sentia o corte arder muito e o sangue jorrar. “Perdi muito sangue”, contou. A linha, segundo o idoso, estava esticada no meio da rua. “Não consegui ver quem estava soltando a pipa. Foi tudo muito rápido”, lamentou dizendo que por toda o canto há gente brincando com linhas cortantes.

“Esses dias no Nova Lima tinha cerca de 30 a 50 pessoas soltando pipa na rua. Eles estão em todo o lugar. Não são só crianças. Tem marmanjo também. No caso de crianças e adolescentes, acho que os pais deveriam ser responsabilizados e a lei mais rígida”, afirmou. Segundo o idoso, essa não foi primeira vez que foi atingido por linha de pipa. Da outra vez, não chegou a se machucar, mas o susto também foi grande. Para evitar que seja atingido novamente, Luiz vai colocar uma antena para motos conhecida como corta-fio, indicada contra linhas de pipas.

Operação - Operação da Guarda Municipal para combater a utilização de linhas de pipa com cerol em Campo Grande abordou 589 pessoas. Três foram levadas para a delegacia. Também foram recolhidos 192 materiais (linha de cerol e chilena) e 124 pipas, em três regiões da Capital, entre os dias 8 e 10 de maio.

A intenção da Operação é coibir este tipo de prática, que pode causar acidentes como o caso de Luiz. Lei estadual 3.436, de 19 de novembro de 2007, proíbe o uso de cerol ou outros materiais cortantes em linhas de pipas e similares, com aplicação de multa e responsabilização

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