Nando diz que apanhou em delegacia e foi obrigado a assumir morte de adolescente
Jenifer Luana Lopes, 16 anos, teria sido morta após roubar o réu; ele negou ser autor do assassinato
Durante julgamento na manhã desta quarta-feira (20) pela morte de Jenifer Luana Lopes, 16 anos, Luiz Alves Martins Filho, o Nando, afirmou que foi obrigado a assumir a morte da adolescente depois de ser agredido na delegacia. Conforme a acusação, o serial killer teria matado a vítima depois de ter sido roubado por ela.
Segundo o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Nando havia confessado o assassinato de Jenifer na delegacia, mas no decorrer do processo negou o crime. No julgamento desta quarta-feira, o serial killer voltou a negar envolvimento na morte da adolescente. ''Quem matou foi o 'Vasco'. Na delegacia me bateram muito para eu assumir o caso, colocaram uma sacola na minha cabeça", relatou o réu.
Nando afirmou que era amigo e mantinha relações sexuais com um homem conhecido como 'Vasco' e que sabia onde Jenifer havia sido enterrada porque ele teria contado. Ele também negou que Michel Henrique Vilela Vieira, seu comparsa em várias mortes, tenha participação no assassinato da adolescente. ''Colocaram ele como cúmplice porque andava comigo", disse.
Conforme o réu, ele conhecia Jenifer apenas de vista, sabia que ela era usuária de drogas e cometia roubos na região, mas negou que tivesse sido vítima da adolescente.
Enquanto prestava depoimento, Nando teve um 'surto' e, gritando, disse que vai enlouquecer. ''Eu não aguento mais falar de homicídio. Não aguento mais ficar preso. Vou enlouquecer".
Ao Campo Grande News, o juiz reforçou que Nando passou por exames psicológicos e que os laudos apontam que ele tem consciência dos atos que cometeu, mas também mostrou 'pitadas' de psicopatia.
O magistrado também ressaltou que em 20 anos exercendo a profissão, nunca viu ninguém com tantos crimes quanto Nando. ''Campo Grande nunca passou por uma experiência como essa", disse Aluízio.
O caso – Nando é autor de uma série de assassinatos no bairro Danúbio Azul. As vítimas eram, em maioria, jovens mulheres envolvidas com consumo de drogas e inseridas em contexto de vulnerabilidade social. Ele é acusado de ter matado pelo menos 16 pessoas, entre os anos de 2012 e 2016, e ficou conhecido como um dos maiores serial killers do Estado, pela quantidade e a forma cruel como executava os crimes.