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Capital

"Não existe prova", diz pai de aluno do IFMS acusado de nazismo e racismo

Advogado do próprio filho, ele ainda explicou que jovem tem mistura étnica e não afrontaria direito de ninguém

Ana Oshiro e Bruna Marques | 17/03/2022 10:37
Pai e advogado do estudante diz que não existem provas contra o filho. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pai e advogado do estudante diz que não existem provas contra o filho. (Foto: Henrique Kawaminami)

Para José Evaristo de Freitas, pai e advogado do estudante José Evaristo Diel Freitas, de 18 anos, acusado de racismo e nazismo no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) não existem provas suficientes que comprovem as acusações feitas contra o jovem em boletim de ocorrência.

Na manhã desta quinta-feira (17) ele esteve na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e conversou com jornalistas em frente à delegacia. Com as fotos do avô e da bisavó do estudante em mãos, José disse que o filho jamais falaria algo assim. "Ele tem descendência alemã e portuguesa, olhem as fotos, vocês acham que alguém com essa mistura étnica iria estar afrontando o direito de quem quer seja?", disse o advogado.

Advogado mostra fotografia do avô de José. (Foto: Henrique Kawaminami)
Advogado mostra fotografia do avô de José. (Foto: Henrique Kawaminami)

De acordo com ele, a fala do estudante foi deturpada durante uma conversa com mais cinco colegas, sendo três deles negros, sobre um trabalho da disciplina de história onde eles deveriam falar sobre economia e política social.

"Nesse contexto eles saíram para o almoço e na mesa começaram a falar sobre o apartheid e holocausto. Um dos meninos fez um comentário e meu filho interveio, dizendo que no holocausto nenhum dos que estavam ali na mesa escapariam das mãos de Hitler, já que todos ali tem a raça misturada, o que na época seria motivo de ser extirpado", explica o pai de José.

Segundo ele, depois da conversa todos almoçaram e voltaram para a sala de aula, nesse momento alguns alunos começaram a chamar José de nazista, injuriador, racista, alemão e hemobranco. Para o pai e advogado, as pessoas condenaram José antes de entenderem o que aconteceu.

Como prova de mistura étnica, advogado mostra foto da bisavó de José. (Foto: Henrique Kawaminami)
Como prova de mistura étnica, advogado mostra foto da bisavó de José. (Foto: Henrique Kawaminami)

"Ele sim está sofrendo danos irreparáveis. O nome dele tá exposto, o nome da família tá exposto. Tenho ciência de que meu filho não praticou nada disso de que estão passando pra população. Na escola mesmo houve um conselho de classe onde todos foram ouvidos e comprovaram que ele não fez nada disso", detalha o advogado.

De acordo com o pai do estudante, as pessoas que estão acusando José de racismo e nazismo são irresponsáveis e estão incitando uma disputa racial. "Vamos tomar todas as medidas necessárias, no cunho criminal e cível. Não existem provas contra ele", finalizou o homem.

Denúncia - Boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial foi registrado pelas mães de três alunos do IFMS no dia 28 de fevereiro, mas só ganhou repercussão nesta semana, depois que o caso foi divulgado para a imprensa.

Em nota, o instituto disse que a apuração preliminar do campus não constatou a veracidade das ameaças. Os estudantes da turma têm recebido orientações pedagógicas com informações a respeito dos prejuízos causados à humanidade pelo nazismo.

"O IFMS é uma instituição pública federal de ensino que tem entre seus principais valores a ética e o compromisso com a igualdade social, repudiando qualquer tipo de discriminação ou apologia a ideologias que não condizem com uma sociedade igualitária", conclui a nota.

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