No aguardo de desocupação, nove famílias ainda vivem em favela
Cerca de 9 famílias ainda vivem na favela Portelinha, no final do prolongamento da Avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande. Elas não podem se mudar para os Residenciais Ary Abussafi e Gregório Correa, onde moram atualmente as demais moradores da favela, por erros de documentação para o cadastro da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande).
O problema é que as casas destinadas a elas foram invadidas nos residenciais, segundo moradores, por “baderneiros” e usuários de drogas. “É som alto e cachaçada todos os dias. Com medo, os moradores evitam sair durante a noite. Se chama a polícia, ninguém aparece, então jeito é se esconder”, explicou a diarista Selma Ramos, 33 anos.
A moradora disse que as casas foram invadidas há mais de sete meses por moradores de outros bairros. Muitas delas foram arrombadas, tiveram portas quebradas, vasos e pias furtados. “Quando o pessoal da favela regularizar a situação deles, vão chegar aqui e encontrar casas depredadas, ou seja, a prefeitura vai ter que gastar mais dinheiro para arrumar, que poderia ser utilizado na saúde ou educação”, mencionou Selma.
Outra moradora, que pediu para não ser identificada por medo de sofrer represálias, afirmou que algumas casas invadidas viraram ponto de drogas e prostituição. “É um absurdo sendo que tem gente que morava a mais tempo que eu até na favela, com crianças, e continuam ainda lá, sendo que as casas estão sendo ocupadas por baderneiros”, comentou.
Rogério da Costa Alvez, 34, que está desempregado devido a problemas de saúde, é um dos moradores que ainda permanece na Portelinha. “Existe um erro de documentação junto à Caixa Econômica Federal, por isso não consegui a casa. Ainda bem que fizemos um acordo para ter água e luz, se não estávamos passando necessidades”, destacou.
Antônio Almeida Rodrigues, 69 anos, vive há seis anos na favela sozinho. Com deficiência auditiva de de fala, ele vive em condições precárias em seu barraco. A casa está toda suja, com forte odor e os alimentos já estão acabando.
A dona de casa Ana Cláudia Lima de Jesus, 24, também vive na favela com os filhos de 2 e 3 anos. Seu barraco no meio do matagal e ela já foi assaltada. Ela teme por sua segurança e das crianças. “Está muito difícil. Queria conseguir uma casa logo”. No barraco também faltam alimentos, quem puder ajudar pode entrar em contato pelo telefone (67) 9126-9293.