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No aniversário da cidade, você já passeou no quintal da família Pereira?

Fazenda Bálsamo, que virou museu, fica na Avenida Guaicurus, no Bairro Monte Alegre e foi doada pelo fundador José Antônio Pereira ao seu filho Antônio Luiz Pereira

Danielle Valentim | 26/08/2018 07:43
No aniversário da cidade, você já passeou no quintal da família Pereira?
Árvores centenárias dão sombra necessária para uma tarde agradável e de sossego. (Foto: Henrique Kawaminami)
Árvores centenárias dão sombra necessária para uma tarde agradável e de sossego. (Foto: Henrique Kawaminami)

Aproveitar um quintal é vida, ainda mais quando se pode reviver a essência do que foi desbravar Campo Grande há mais de um século. O museu José Antônio Pereira – antiga Fazenda Bálsamo - tem espaço de sobra para garantir um dia de lazer às famílias, mas aos 119 anos da cidade, nem todo mundo já aproveitou.

A fazenda, que virou museu, fica na Avenida Guaicurus, no Bairro Monte Alegre e foi doada pelo fundador de Campo Grande José Antônio Pereira ao seu filho Antônio Luiz Pereira, que viveu na área com a esposa Ana Luiza e a filha Carlinda Pereira.

No local, doado à Prefeitura em 1966 e restaurado em 1999 para visitação pública, a pequena casa de pau-a-pique, o engenho e o monjolo, resistem ao tempo em meio a uma grande área verde.

Escultura de Luiz, a esposa e a filha. Ao fundo, a casa de pau-a-pique. (Foto: Henrique Kawaminami)
Escultura de Luiz, a esposa e a filha. Ao fundo, a casa de pau-a-pique. (Foto: Henrique Kawaminami)
Monjolo usado para socar grãos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Monjolo usado para socar grãos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Assim que o visitante chega ao local se depara com uma escultura dos antigos moradores, feita do artista plástico Índio, um dos ícones da arte sul-mato-grossense. O museu, administrado pela Prefeitura, mantém várias peças da década de 70, desconhecidas por crianças e adolescentes, que vão ao local na companhia dos pais e escolas.

Mas nem tudo fica ao lado de dentro. No quintal, tem engenho, monjolo, árvores centenárias e muita grama para aproveitar. A área tranquila, perfeita para descansar chega a receber mais de seis pessoas ao ano. Somente de janeiro a junho de 2018, cerca de quatro mil visitantes passaram pelo museu.

Cada um aproveita do jeito que quer, para estudar ou passear, brincar ou descansar, diz Jussilei. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cada um aproveita do jeito que quer, para estudar ou passear, brincar ou descansar, diz Jussilei. (Foto: Henrique Kawaminami)

Cada um aproveita do jeito que quer, para estudar ou passear, brincar ou descansar. O serviços gerais Jussilei Aparecido Kruki, de 47 anos, está no local todos os dias, há dois anos e já viu um pouco de tudo. Ele conta que o engenho é o mais chama a atenção dos pequenos, mas não tem como deixar de ver famílias se reunirem para piqueniques.

“As crianças ficam doidas quando ligam o engenho, mas esses encontros de famílias com seus filhos são muito importantes. Eles passam a tarde toda comem, brincam, aproveitam o lugar”, conta o servidor.

O cozinheiro Gilmar Lima Gamarra, de 52 anos, é visitante assíduo do “quintal”. Para ele, a oportunidade de usar a área é espetacular. “Eu morava no Nova Lima e há seis meses mudei para cá. Eu vou e levo meu neto para brincar. É espetacular poder aproveitar. Quem não conhece está perdendo”, disse.

Quem não conhece está perdendo”, disse Gilmar.(Foto: Henrique Kawaminami)
Quem não conhece está perdendo”, disse Gilmar.(Foto: Henrique Kawaminami)
“Eu vou com meu avô, minha avô e minha tia", diz Artur. (Foto: Henrique Kawaminami)
“Eu vou com meu avô, minha avô e minha tia", diz Artur. (Foto: Henrique Kawaminami)

Concordando com o avô, o pequeno Artur Gamara, de 5 anos, ama jogar bola no quintal do museu. “Eu vou com meu avô, minha avô e minha tia. Tem um amiguinho que também vai junto. Lá eu gosto de jogar bola”, disse.

O comerciante Nilton de Lima, de 51 anos, tem um petshop na rua do museu e pontua a importância cultural do local. “Principalmente, para quem tem filho. Aprender sobre o passado, ter um momento de lazer e ensinar as crianças. Lá no museu tem muita coisa que as crianças de hoje em dia nunca saberão o que é, como ferro, as panelas, o pilão. São coisas que só que morou em fazenda sabe. Então, tem que aproveitar, pelo menos de forma cultural”, disse.

O vendedor ambulante André Lucas Barroso, de 17 anos, já foi uma das crianças que soube aproveitar o museu. Não só para brincar, mas para aprender. “Eu moro aqui na região há 11 anos e fui uma criança que frequentava o local. É importante para aprender sobre a cidade”, disse.

Fui uma criança que frequentava o local, diz o vendedor André .(Foto: Henrique Kawaminami)
Fui uma criança que frequentava o local, diz o vendedor André .(Foto: Henrique Kawaminami)
"Lá no museu tem muita coisa que as crianças de hoje em dia nunca saberão o que é", pontua Nilton.(Foto: Henrique Kawaminami)
"Lá no museu tem muita coisa que as crianças de hoje em dia nunca saberão o que é", pontua Nilton.(Foto: Henrique Kawaminami)

Educação patrimonial e valorização do espaço – A Prefeitura quer que o espaço seja utilizado. Segundo a secretária adjunta da Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande), Laura Miranda, o Executivo tem história e espaço, suficiente, para atender a comunidade e o turismo. 

“A gente tem historia para atender o turista e precisamos do despertar da comunidade", reforça Laura. (Foto: Henrique Kawaminami)
“A gente tem historia para atender o turista e precisamos do despertar da comunidade", reforça Laura. (Foto: Henrique Kawaminami)

“A gente tem historia para atender o turista e precisamos do despertar da comunidade. Para impulsionar esse trabalho, nada melhor que envolver as crianças. A localização ainda é um empecilho, mas a prefeitura faz parceria com as secretarias de educação e Estado para trazer os pequeninos, para ensiná-los, para valorizar a história e contar quem foi José Antônio Pereira. Para trazer a comunidade também estamos estudando mudança no horário de atendimento, mais alternativo. Mas, tudo isso, necessita do despertar da comunidade”, disse.

Pai e filho - Como conta a história, pai e filho vieram de Minas Gerais em buscas de “ricas terras”, guiados pelo sertanista uberabense Manoel Pinto, que havia participado da Guerra do Paraguai.

Dois ex-escravos reconhecidos, apenas, como João Ribeira e Manoel também vieram nesta primeira viagem, que durou três meses e se encerrou, no dia 21 de Junho de 1872, na confluência de dois córregos, que mais tarde foram chamados de Prosa e Segredo.

Logo após a chegada, José Antônio retornou a Minas Gerais, buscou o restante da família, alguns amigos e voluntários – cerca de 62 pessoas – e retornou em comitiva para se fixar, definitivamente, na região no dia 23 de Junho de 1875.

O museu fica na Avenida Guaicurus, no Jardim Monte Alegre, e funciona de segunda a domingo das 9h às 17h. 

Veja abaixo imagens registradas pelo fotógrafo Henrique Kawaminami:

Confira a galeria de imagens:

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