No aniversário da cidade, você já passeou no quintal da família Pereira?
Fazenda Bálsamo, que virou museu, fica na Avenida Guaicurus, no Bairro Monte Alegre e foi doada pelo fundador José Antônio Pereira ao seu filho Antônio Luiz Pereira
Aproveitar um quintal é vida, ainda mais quando se pode reviver a essência do que foi desbravar Campo Grande há mais de um século. O museu José Antônio Pereira – antiga Fazenda Bálsamo - tem espaço de sobra para garantir um dia de lazer às famílias, mas aos 119 anos da cidade, nem todo mundo já aproveitou.
A fazenda, que virou museu, fica na Avenida Guaicurus, no Bairro Monte Alegre e foi doada pelo fundador de Campo Grande José Antônio Pereira ao seu filho Antônio Luiz Pereira, que viveu na área com a esposa Ana Luiza e a filha Carlinda Pereira.
No local, doado à Prefeitura em 1966 e restaurado em 1999 para visitação pública, a pequena casa de pau-a-pique, o engenho e o monjolo, resistem ao tempo em meio a uma grande área verde.
Assim que o visitante chega ao local se depara com uma escultura dos antigos moradores, feita do artista plástico Índio, um dos ícones da arte sul-mato-grossense. O museu, administrado pela Prefeitura, mantém várias peças da década de 70, desconhecidas por crianças e adolescentes, que vão ao local na companhia dos pais e escolas.
Mas nem tudo fica ao lado de dentro. No quintal, tem engenho, monjolo, árvores centenárias e muita grama para aproveitar. A área tranquila, perfeita para descansar chega a receber mais de seis pessoas ao ano. Somente de janeiro a junho de 2018, cerca de quatro mil visitantes passaram pelo museu.
Cada um aproveita do jeito que quer, para estudar ou passear, brincar ou descansar. O serviços gerais Jussilei Aparecido Kruki, de 47 anos, está no local todos os dias, há dois anos e já viu um pouco de tudo. Ele conta que o engenho é o mais chama a atenção dos pequenos, mas não tem como deixar de ver famílias se reunirem para piqueniques.
“As crianças ficam doidas quando ligam o engenho, mas esses encontros de famílias com seus filhos são muito importantes. Eles passam a tarde toda comem, brincam, aproveitam o lugar”, conta o servidor.
O cozinheiro Gilmar Lima Gamarra, de 52 anos, é visitante assíduo do “quintal”. Para ele, a oportunidade de usar a área é espetacular. “Eu morava no Nova Lima e há seis meses mudei para cá. Eu vou e levo meu neto para brincar. É espetacular poder aproveitar. Quem não conhece está perdendo”, disse.
Concordando com o avô, o pequeno Artur Gamara, de 5 anos, ama jogar bola no quintal do museu. “Eu vou com meu avô, minha avô e minha tia. Tem um amiguinho que também vai junto. Lá eu gosto de jogar bola”, disse.
O comerciante Nilton de Lima, de 51 anos, tem um petshop na rua do museu e pontua a importância cultural do local. “Principalmente, para quem tem filho. Aprender sobre o passado, ter um momento de lazer e ensinar as crianças. Lá no museu tem muita coisa que as crianças de hoje em dia nunca saberão o que é, como ferro, as panelas, o pilão. São coisas que só que morou em fazenda sabe. Então, tem que aproveitar, pelo menos de forma cultural”, disse.
O vendedor ambulante André Lucas Barroso, de 17 anos, já foi uma das crianças que soube aproveitar o museu. Não só para brincar, mas para aprender. “Eu moro aqui na região há 11 anos e fui uma criança que frequentava o local. É importante para aprender sobre a cidade”, disse.
Educação patrimonial e valorização do espaço – A Prefeitura quer que o espaço seja utilizado. Segundo a secretária adjunta da Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande), Laura Miranda, o Executivo tem história e espaço, suficiente, para atender a comunidade e o turismo.
“A gente tem historia para atender o turista e precisamos do despertar da comunidade. Para impulsionar esse trabalho, nada melhor que envolver as crianças. A localização ainda é um empecilho, mas a prefeitura faz parceria com as secretarias de educação e Estado para trazer os pequeninos, para ensiná-los, para valorizar a história e contar quem foi José Antônio Pereira. Para trazer a comunidade também estamos estudando mudança no horário de atendimento, mais alternativo. Mas, tudo isso, necessita do despertar da comunidade”, disse.
Pai e filho - Como conta a história, pai e filho vieram de Minas Gerais em buscas de “ricas terras”, guiados pelo sertanista uberabense Manoel Pinto, que havia participado da Guerra do Paraguai.
Dois ex-escravos reconhecidos, apenas, como João Ribeira e Manoel também vieram nesta primeira viagem, que durou três meses e se encerrou, no dia 21 de Junho de 1872, na confluência de dois córregos, que mais tarde foram chamados de Prosa e Segredo.
Logo após a chegada, José Antônio retornou a Minas Gerais, buscou o restante da família, alguns amigos e voluntários – cerca de 62 pessoas – e retornou em comitiva para se fixar, definitivamente, na região no dia 23 de Junho de 1875.
O museu fica na Avenida Guaicurus, no Jardim Monte Alegre, e funciona de segunda a domingo das 9h às 17h.
Veja abaixo imagens registradas pelo fotógrafo Henrique Kawaminami:
Confira a galeria de imagens: