No comércio, evitar ambiente fechado será novo dilema diante do coronavírus
Com calor, lojistas têm receio de deixar janelas abertas e a única prevenção é o álcool gel
Com 10 casos suspeitos de coronavírus em Campo Grande, lavar as mãos e usar de álcool gel são as únicas medidas preventivas no comércio da cidade. Na manhã desta sexta-feira (13), com calor de 33°C, a rotina nas lojas do Centro de Campo Grande continuou a mesma: com o ar condicionado ligado.
A gerente de uma loja de cosméticos na Rua 14 de Julho, Sirlei Mariole, de 47 anos, é um das que está preocupada com a nova doença. Mesmo assim, ela não vê muito o que fazer. Abrir as janelas por exemplo, e deixar o ar circular, é considerado inviável no calor que faz em Campo Grande.
"Aqui não temos o que fazer, estamos com a porta aberta, está entrando ar. Eu deixo o jardim de inverno do fundo aberto durante a manhã", conta. "Mas agora eu já fechei para ligar o ar condicionado porque estava ficando calor", completa.
Ela explica que esta é uma questão cultural do campo-grandense. "Vai ser bem difícil com o nosso calor. Sem o ar condicionado os clientes já chegam reclamando, dizendo que uma loja desse tamanho não pode ficar sem. É uma questão cultural", afirma.
Na loja, a principal mudança foi na rotina dos funcionários. "Aqui, por exemplo, a maioria das meninas está usando a própria maquiagem, porque antes elas usam maquiagem daqui, além disse lavar a mão toda hora e usar o álcool 70%. Eu mesma estou evitando dar as mãos para as clientes", explica.
O gerente de uma loja de calçados na Rua 14 de Julho, Ramon Crisaldo, apontou que a medida preventiva é o oferecimento de álcool gel para os clientes e funcionário. Questionado sobre mudanças como abertura de janelas e o desligamento do ar condicionado, explica que não há nenhuma previsão. "É inevitável, a única medida é higiene pessoal", diz.
A orientação do Ministério da Saúde é para que a população evite aglomerações e ambientes fechados, procurando manter os espaços ventilados. A médica infectologista, Márcia Jarmine Dal Fabbro, reforça a diretriz.
"Tem que evitar não só pelo coronavírus, mas também porque nessa época há a circulação de outros vírus como a própria influenza", alerta. "O problema dos ambientes fechados é se tiver pessoas com o vírus por isso nesse caso a orientação é que qualquer pessoa com o quadro viral não vá para a escola ou para o trabalho", diz.
Movimento fraco - A enfermeira Talita Cristina Mateus Souza, de 33 anos, reforçou a higiene pessoal e o uso de álcool em gel, mas não deixou de ir as compras. "Eu tenho evitado ambientes fechados, mas eu precisava fazer uma compra hoje e por isso eu vim", conta.
Os lojistas começam a sentir os efeitos do coronavírus e apontam queda nas vendas na primeira semana do mês.
Este é o caso de uma loja de calçados e roupas. O gerente, que não quis se identificar, aponta que o movimento da loja caiu cerca de 20%. "Até a movimentação do pagamento de crediário diminuiu", diz.
Segundo pesquisa feita pela Fecomércio, entre o dia 2 e 6 de março, foi registrada queda de 6% nas vendas. Segundo a economista da federação, Daniela Teixeira, esse resultado não é apenas o efeito da doença. "Este é um período de baixa, mas o corona também impacta", aponta
Com o aumento dos casos, na última semana a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande iniciou campanha de orientação ao comércio, com base nas diretrizes do Ministério da Saúde para a prevenção e combate do COVID-19.
A divulgação, de acordo com a associação, é feita por meio das redes sociais, e-mails e nos grupos de whatsapp. Nos avisos há o refoço da necessidade de lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel; cobrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir; evitar aglomerações se estiver doente; manter os ambientes bem ventilados, e não compartilhar objetos pessoais.