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Capital

Nos ônibus, quem não usa máscara diz que é por preguiça ou descuido

Reportagem ouviu passageiros que costumam usar diariamente os coletivos e maioria estava com as máscaras nas bolsas ou mochilas

Lucia Morel e Liniker Ribeiro | 29/04/2020 16:28
Nos ônibus e pontos ainda lotados, uso de máscara será obtigatório a partir de segunda-feira, dia 4. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nos ônibus e pontos ainda lotados, uso de máscara será obtigatório a partir de segunda-feira, dia 4. (Foto: Henrique Kawaminami)

A população parece estar preparada para respeitar a obrigatoriedade de uso de máscaras no transporte coletivo de Campo Grande a partir de segunda-feira, 4 de maio. Nos pontos do transporte coletivo hoje, quem não usa o item de segurança diz que é por pura preguiça ou descuido.

O Campo Grande News ouviu passageiros que costumam usar diariamente os ônibus e maioria estava com as máscaras na bolsa ou na mochila, mas não as utilizavam. A atendente de telemarketing, Isabelle Costa, 18 anos, é uma delas: tem quatro, mas afirmou que uma delas estava guardada.

“Usar a máscara incomoda muito, e acabo deixando na bolsa. Eu uso dependendo da situação, mas agora com essa medida, vou ter que usar direto né?”, afirma.

Ela usa o transporte coletivo todos os dias e apoia a medida de ser obrigada a utilizar as máscaras e por causa disso, acredita que grande parte da população vai acabar se acostumando e mudando de hábito.

Isabelle tem quatro máscaras, uma delas estava na mochila, mas a usa muito pouco. (Foto: Henrique Kawaminami)
Isabelle tem quatro máscaras, uma delas estava na mochila, mas a usa muito pouco. (Foto: Henrique Kawaminami)

“O cenário deve mudar a partir de segunda. Porque por enquanto, pelo que vejo, só uns 30% dos passageiros estão usando máscaras, e eu mesma, que pego ônibus todos os dias para trabalhar, das três vezes que pego, só uso em uma corrida”, conta.

Quem também estava com a máscara à mão é a auxiliar de serviços gerais, Márcia Regina Oliveira, 36 anos. Andando no centro com o filho de 16 anos, ela disse à reportagem que o item estava em sua bolsa.

“Eu particularmente tenho fobia. Se tapou meu nariz, já entro em pânico. Mas quando passar a ser obrigatório, não terá jeito né?”, justifica. Apesar de não usar, ela avalia que é importante que as pessoas se cuidem e que passam a utilizar as máscaras nos ônibus. “Isso evita o caos na saúde pública, como está acontecendo em outros lugares”.

A dona de casa Mariete Silva, 56 anos, foi a terceira entrevistada que estava com a máscara guardada na bolsa ao invés de no rosto. “Eu tenho máscara, mas está na bolsa”, contou. Ela disse que dentro do coletivo, ela coloca o ítem e ao ouvir isso, idosa que estava ao lado dela no ponto de ônibus, chama a atenção: “tem que usar em todos os lugares”.

Clarice afirma que se cuida de todas as formas possíveis, por estar no grupo de risco. (Foto: Henrique Kawaminami)
Clarice afirma que se cuida de todas as formas possíveis, por estar no grupo de risco. (Foto: Henrique Kawaminami)

Aos 64 anos, Clarice Francisca, que é artesã, dá exemplo não apenas à Mariete, mas a todos. “Sou do grupo de risco, idosa e tenho hipertensão. Me cuido de todas as formas”, afirma, ao contar que toma todos os cuidados possíveis, usando máscara todas as vezes que sai, seja no ônibus, no mercado, “e até quando vai falar com o vizinho”, ensina.

Agora, muitas vezes a situação financeira aperta e quem precisa do utensílio acaba ficando sem, mesmo precisando. Pelo menos é o que relatou a diarista Andréia Rodrigues Souza, 45 anos, que estava em ponto de ônibus com o filho de 5 anos de idade.

“Vou comprar ainda. Acho que a medida (uso obrigatório das máscaras) é uma boa ideia, mas a gente tem que ter dinheiro pra comprar né? Bom mesmo seria ganhar, porque a situação está difícil, até pra comprar gás em casa está complicado. R$ 1,00 já faz falta”, disse.

Ela contou que achou máscaras para comprar por R$ 10,00 e acabou não comprando. “Vou ter que dar um jeito, até porque dizem que essa máscara de pano só pode usar por 2 horas, então, tem que ter mais de uma”, afirma.

A Prefeitura de Campo Grande anunciou a obrigatoriedade em live realizada ontem, mas o decreto que normatiza a medida não foi publicado ainda. A previsão é de que o seja até sexta-feira.

O presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, diz que aguarda a publicação para saber como será feita a fiscalização e orientação de quem, porventura, adentrar os coletivos sem máscaras.

“É uma missão muito difícil, mas nesse momento tão delicado é necessário”, informou. Sobre distribuir máscaras gratuitamente, ele afirmou que, por parte da concessionária, isso não será feito e que “vamos aguardar para que a gente possa se adequar”. (Colaborou Tainá Jara)

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