Nova crise é resultado de sobrecarga e atraso de repasse, afirma Santa Casa
Direção do Hospital cita também o aumento do preço de medicamentos e insumos durante o período de pandemia do coronavírus
A direção da Santa de Campo Grande informou que a restrição nos atendimentos do hospital apenas aos casos de urgência e emergência, anunciada nesta quarta-feira (10), é resultado de três fatores: sobrecarga de pacientes, aumento no valor dos insumos e medicamentos,além dos atrasos nos repasses feitos pela prefeitura.
O superintendente da gestão médico-hospitalar, Luiz Alberto Kanamura, explicou que, com a pandemia do coronavírus, ocorreu uma concentração de pacientes com outras doenças naquele hospital. É que o Hospital Regional é a referência quando se trata de pessoas com a covid-19 e a Santa Casa está absorvendo os demais casos.
Segundo Kanamura, houve um aumento de 23% nas internações em comparação as médias anteriores. Hoje estão internados no hospital 603 pessoas. “São pacientes que têm uma permanência de internação maior”, disse ele, citando idosos com fraturas, por exemplo. “Não são internações corriqueiras”.
Kanamura alegou que, além do aumento da demanda, os preços dos medicamentos e insumos também subiram muito. Ele cita aventais que o hospital comprava a R$ 15 e hoje não saem por menos de R$ 30. As luvas também ficaram mais caras, assim como máscaras.
A diretoria financeira do hospital, Sandra Ortega, completou que a Santa Casa precisou criar alguns estoques para não enfrentar problemas de falta de abastecimento.
“Nossos recursos estão escassos. Não temos pacientes da covid-19, mas todos os outros estão aqui. É uma situação emergencial”, argumentou.
Além da queda na receita, Sandra comenta que a verba liberada pelo Governo Federal para auxiliar todas as unidades de Santa Casa do país ainda não foi repassado..Para Campo Grande, o valor é de mais de R$ 6 milhões. “Vamos utilizar em materiais e medicamentos”
Salários - Sandra afirmou que os salários dos funcionários do regime CLT está em dia. Mas hoje há atrasos no pagamento dos médicos autônomos e pessoas jurídicas.
Conforme Sandra, a prefeitura também alega queda na arrecadação de impostos e dificuldades em fazer repasses extras.
A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) nesta quarta-feira (10) para ter detalhes sobre os atrasos. Em nota, eles informaram que “a Sesau realizou um repasse de aproximadamente um milhão de reais à Santa Casa de Campo Grande nesta quarta-feira (10) e outro pagamento será feito na próxima sexta-feira, com valor de cerca de dois milhões de reais de incentivo”.
Eles disseram que estão cumprindo com o repasse e ainda vão debater como será feita a transferência dos recursos que ainda estão em aberto.
O convênio com a Santa Casa é tripartite, ou seja, o hospital recebe recursos do Governo Federal, Governo do Estado e do município. São quase R$ 300 milhões anualmente.
Segundo a Secretaria Estadual, as Santas Casas e hospitais filantrópicos de Mato Grosso do Sul devem receber, "em breve", o restante do auxílio financeiro total de R$ 30 milhões. como reforço durante a pandemia
Em Mato Grosso do Sul, R$ 20.970.885,40 serão distribuídos a 33 município e 42 unidades hospitalares.