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Capital

Noz da Índia não deve ser consumida em nenhuma situação, alerta médica

Natalia Yahn | 03/02/2016 11:02
Claudinha consumiu "noz da Índia" para emagrecer; família acredita que o uso tenha levado à morte dela. (Foto: Reprodução/Facebook)
Claudinha consumiu "noz da Índia" para emagrecer; família acredita que o uso tenha levado à morte dela. (Foto: Reprodução/Facebook)

A noz da Índia, propagado como emagrecedor, não deve ser consumida em nenhuma situação. Esta é a avaliação da médica gastroenterologista e hepatologista – especialista em funções digestivas e no fígado – , Luciana Araújo Bento, ao comentar a morte da cantora gospel e estudante de psicologia Ana Cláudia Alves da Silva, aos 38 anos, quem, segundo familiares, teria morrido em decorrência de complicações causadas pelo consumo do produto.

Claudinha Félix, como era conhecida, tinha 38 anos e morreu na segunda-feira (1°), vítima de uma parada cardiorrespiratória no CRS (Centro Regional de Saúde) do Nova Bahia, em Campo Grande. A família dela afirma que Claudinha fazia uso de noz da Índia para emagrecer e acredita que a morte tenha acontecido por conta disso.

Na internet, a semente é vendida com a promessa de emagrecimento rápido. Há propagandas e vídeos garantindo para quem usa o produto a eliminação de até 12 quilos por mês.

A médica ouvida pelo Campo Grande News afirma que o uso desse tipo de produto não é indicado em nenhum tipo de caso. “Nenhum médico vai dizer que pode ser consumido. Além do risco em si, essas ervas podem ter vários tipos de contaminação, pela forma que são armazenadas. Pode ter fungos, por exemplo”, explicou.

Outra situação apontada pela médica é de que não existem estudos técnicos que comprovem a eficácia da noz da Índia para o emagrecimento. Os efeitos colaterais podem inclusive provocar desidratação e outros problemas graves.

“Alguns amigos meus já tomaram, e o uso causa diarreia. Acredito que a pessoa emagrece por desidratação. No caso da moça que morreu, a família diz que ela já tinha doença no fígado, aí as consequências são piores”, explicou Luciana.

Porém, ela alerta que o uso de chás e ervas é cultural e não deve ser totalmente condenado. “É uma tradição muito forte. Mas, temos que tomar cuidado. Os chás vendidos nos supermercados, embalados, já foram muito estudados, como o de erva cidreira e o de camomila. Não se deve acreditar em soluções milagrosas para emagrecer, o importante é er dieta balanceada e fazer exercícios”, disse a médica.

De acordo com familiares, Claudinha ouviu falar da noz da Índia em uma academia que frequentou no ano passado. Tomou o chá do produto por cerca de 30 dias, mas passou a apresentar quadros frequentes de falta de ar, inchaço, cansaço, fraqueza no corpo, queda de pressão e até desmaios.

Marisângela Alves da Silva, 34, irmã da vítima, afirmou que há seis meses Claudinha sentiu um mal estar muito forte e procurou um médico. Na época ela foi diagnosticada com cirrose hepática. "Como ela já teve hepatite na adolescência, o uso do chá pode ter agravado a condição de saúde dela. Ela estava na fila do transplante de fígado. Não aguentou esperar", conta Marisângela.

No domingo (31), Claudinha reclamou de falta de ar e foi levada pela irmã ao posto de saúde onde morreu. A família pediu um laudo especial ao IML (Instituto Médico Legal) para confirmar a suspeita e, também, um boletim de ocorrência foi registrado.

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