Operação contra tráfico de drogas interrompeu lazer no RN dos investigados
Advogada Aline Brandão, esposa de Thiaguinho do PCC e dois irmãos deles estavam entre alvos da polícia

A paradisíaca praia de Pipa, no município de Tibau do Sul (RN), foi o refúgio escolhido pela advogada Aline Gabriele Brandão para comemorar o aniversário da filha, de 3 anos. A foto no barco, em alto mar, é o flagrante do momento em família durante esta semana, em que todos estão sorridentes, em um dia de sol. O descanso foi interrompido nesta sexta-feira (28), pela operação da Polícia Civil do Distrito Federal, que prendeu Aline, dois cunhados, a concunhada e o padrasto do marido.
RESUMO
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A Operação Chiusura, realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal, prendeu Aline Gabriele Brandão e familiares em Pipa (RN), acusados de envolvimento com o PCC em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A operação, que cumpriu 71 mandados de busca e 19 de prisão em diversos estados, desmantelou uma sofisticada rede criminosa. A investigação, iniciada após a prisão de Thiago Gabriel Martins, o 'Thiaguinho do PCC', revelou núcleos operando em MS e no Nordeste, com ligações internacionais. Foram sequestrados veículos e imóveis, e contas bancárias bloqueadas, encerrando um ciclo criminoso.
Todos foram presos durante a Operação Chiusura, que cumpriu 71 mandados de busca e apreensão e 19 de prisão no Distrito Federal, além de MS, SC, GO, AL, RN e MT em ofensiva ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Os investigados, segundo a polícia, articularam um grande esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Segundo informações apuradas pela reportagem, Aline Brandão foi presa na manhã de sexta-feira, em Parnamirim (RN), onde a família tem casa, em um condomínio no Bairro Lagoa Nova. Os outros três foram presos na pousada de um dos investigados na operação, na praia de Pipa. Nesta lista, estão o advogado Rodrigo José Martins da Silva, Pedro Jorge Martins da Silva, Andressa Almeida Fernandes e Ronaldo Cardoso.

Rodrigo José e Pedro Jorge são irmãos de Thiago Gabriel Martins, que está preso desde agosto de 2023. Conhecido como “Especialista” ou “Thiaguinho do PCC”, foi capturado na Bolívia, durante operação policial contra traficantes no norte daquele país. Ele foi flagrado com granadas de uso restrito e uma aeronave carregada com cocaína.
Thiaguinho do PCC é marido de Aline; Andressa é esposa de Pedro Jorge Martins da Silva. O outro preso, Ronaldo Cardoso é conhecido Ronaldo da CAB (Centro de Apoio aos Bairros), suplente de vereador pelo Podemos e atuante na região das Moreninhas. Ronaldo é casado com Suzi Adriana Martins, mãe de Rodrigo, Pedro e Thiaguinho.
Conforme apurou Campo Grande News, Suzi estava com os filhos, netos e a nora no Rio Grande do Norte, mas ela não foi presa.
A ação contou com o apoio da PC do Rio Grande do Norte, 103° DP (Distrito Policial) de Tibau do Sul e DEFUR (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos/RN).
A investigação que culminou na Operação Chiusura durou um ano e meio e foi desencadeada a partir da prisão de Thiaguinho do PCC, segundo informações da Polícia Civil do DF. Os policiais identificaram uma estrutura criminosa altamente sofisticada e organizada, dividida em núcleos.

Os núcleos de Mato Grosso do Sul e do Nordeste atuavam em conjunto. A polícia divulgou que traficantes de Goiás, radicados em Maceió (AL) mantinham associação criminosa com Thiaguinho do PCC, sendo responsáveis pelo fornecimento de drogas ao Distrito Federal.
O diretor da Decor/DF (Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado, Leonardo de Castro Cardoso, diz que os criminosos compravam droga no Paraguai e na Bolívia e distribuíam em vários locais do País, principalmente no DF. “Nos concentramos no DF e, através da investigação, buscando o caminho do dinheiro, chegamos aos núcleos que funcionavam em outros estados”, disse, em coletiva.
As investigações também indicam que familiares de Thiaguinho são usados como testa de ferro, figurando como beneficiários de valores provenientes de traficantes do DF e do chamado Núcleo Nordeste. A estrutura de MS é informalmente chamada de “Núcleo Sinaloa”, em alusão ao cartel da facção criminosa mexicana.
Segundo a PC, a liderança do PCC no DF mobilizou “centenas de pessoas em prol do crime organizado”. Alguns eram cooptadas para lavagem de dinheiro, fazendo depósito em empresas de fachada, a maioria, em Anápolis e Goiânia. As mesmas contas eram usadas pelos traficantes varejistas. O dinheiro tinha como destino a região de fronteira do Paraguai e da Bolívia, para tráfico de drogas.
A movimentação da quadrilha chamou atenção pelo alto padrão dos investigados, conforme divulgado pela Polícia Civil. O líder no DF tem propriedade rural dedicada à criação de gado leiteiro em Planaltina (DF) e, recentemente, se mudou para Florianópolis (SC). Integrantes do núcleo financeiro de Goiás ostentavam imóveis luxuosos e diversos veículos de alto padrão. O núcleo nordestino residia em um apartamento de luxo no bairro de Ponta Verde, em Maceió.
Já o núcleo de MS “mantinha significativos vínculos com o estado do Rio Grande do Norte”, onde um dos investigados tem uma pousada, a mesma onde a maior parte dos investigados foi presa nesta sexta-feira.
Thiaguinho do PCC, ou Especialista, é réu pela morte do garagista Carlos Reis de Medeiros de Jesus, 52 anos, o "Alma", em Campo Grande, cujo o corpo nunca foi encontrado. Nas região das Moreninhas, o relato de moradores é de que a família de Thiago tinha vários imóveis, mas foi se mudando aos poucos após o assassinato do garagista.

Ação – Na Operação Chiusura, além das prisões, foram determinados o sequestro judicial de 17 veículos e sete imóveis, incluindo uma residência luxuosa em condomínio fechado em Goiás. Dezenas de contas bancárias foram bloqueadas, incluindo as de uma fintech sediada em São Paulo, que chegou a movimentar cerca de R$ 300 milhões em apenas três meses.
Em Campo Grande, a operação teve apoio do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).
Chiusura, em italiano, significa “fechamento” ou “encerramento”. No contexto da operação, remete ao fechamento definitivo de um ciclo criminoso que perdurou por anos, simbolizando o desmantelamento completo das atividades ilícitas investigadas.
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