Pai é condenado e filho absolvido pela morte de jovem desaparecido há 2 anos
Corpo de Matheus Henrique Ponce Fagundes, 21 anos foi fotografado com pés e mãos amarrados por acusado
Acusados de matar e ocultar o cadáver de Matheus Henrique Ponce Fagundes, pai e filho sentaram no banco dos réus da 2ª Vara do Tribunal do Júri nesta quarta-feira (23), mas apenas um deles foi condenado pelo assassinato. O rapaz de 21 anos desapareceu em abril de 2022 e nunca mais foi encontrado. O caso foi investigado pela DHPP (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
Em depoimento, Antônio Sérgio de Souza, 54 anos, afirmou que teve um macaco hidráulico furtado que custava em torno de R$ 750 e tinha um sistema de câmera de segurança em casa. Nas imagens, ele viu que não foi o Matheus quem havia pego o equipamento. No entanto, depois de alguns dias, apareceram com o rapaz amarrado na oficina.
“Ele estava no banco traseiro de um carro. Eu falei que não era ele. Ele ficou uns 30 minutos lá, depois colocaram no carro e foram embora. A foto eu tirei porque ele estava usando uma camiseta parecida com a do serviço do meu filho e mandei para ele para saber se era dele mesmo. O único crime que cometi foi ter tirado essa foto e ter mandado para o meu filho, por causa disso enrolou a vida todinha dele”, disse Antônio.
Já Jackson Vieira de Souza, 31 anos, negou todas as acusações e afirmou em depoimento ao juiz que não conhecia o rapaz e sequer sabia que ele esteve na oficina de seu pai. “Quando ele me mandou a foto, eu olhei e respondi que não conhecia. Depois deixei o celular e não fiquei reparando onde era. Na delegacia nem lembrei dessa foto, nem comentei com o delegado porque não sabia quem era Matheus”, afirmou o homem.
Durante o julgamento nesta manhã, o delegado José Roberto de Oliveira, responsável pela investigação, relatou que no bairro, os boatos eram de que Antônio havia sido vítima de Matheus e que estava procurando por ele. Depois durante as diligências, ficou constatado que na garagem do homem havia uma caminhonete vermelha que já tinha sido vista na rua atrás da casa da vítima.
Além disso, as equipes fizeram busca e apreensão na oficina de Antônio, onde foram encontradas duas armas e os dois acusados foram presos por porte ilegal de arma de fogo. Eles também tiveram os celulares apreendidos e foram encontradas três fotos da vítima, tiradas em 12 de abril de 2022 no período da manhã.
“Matheus estava amarrada estilo pacotinho. Com as mãos para trás e com a cara de extremo terror. A perícia constatou que as fotos haviam sido tiradas na oficina de Antônio. Testemunhas também disseram que ele tinha fama de ser matador no bairro e que ninguém ousava mexer com ele”, relatou o delegado.
Os advogados Amilton Ferreira de Almeida e Larissa Furtado de Almeida, que atuaram na defesa dos acusados, sustentaram as teses de negativa da materialidade e autoria para ambos, já que o corpo da vítima não foi encontrado e, em caso de condenação, pediu o afastamento das qualificadoras.
Porém o Conselho de Sentença decidiu por condenar apenas Antônio pelo homicídio qualificado por tortura e recurso que dificultou a defesa da vítima, mas o absolveu da acusação de ocultação de cadáver e também inocentou Jackson. Com isso, o pai foi condenado a 16 anos de prisão em regime fechado e o filho teve o alvará de soltura expedido pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos.
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