Pais dormem na fila e até acampam em escola com medo de perder vaga
Uma confusão na escola municipal de período integral Ana Lúcia de Oliveira, que fica no bairro Paulo Coelho Machado, em Campo Grande, fez com que pais e mães de alunos dormissem em uma fila, desde ontem (16), na porta da instituição para garantir matrículas para 2016.
Tudo começou quando, na semana passada, a diretora da escola, Rosângela Chelotti, colocou um cartaz no local avisando de que existia a possibilidade que hoje (17) e amanhã (18) fossem abertas as pré-matrículas para interessados em colocar os filhos nessa escola.
O cartaz avisava que as datas ainda seriam confirmadas por edital, mas foi afixado, de acordo com a diretora, para que os pais se preparassem, caso os dias fossem confirmados. "Muitos pais precisam até mesmo faltar no trabalho pra ficar na fila esperando para fazer a pré-matrícula, então coloquei o cartaz apenas para que fossem se planejando", explicou.
Medo - Ontem (16), mesmo com o aviso de que a data não havia sido confirmada pela prefeitura, várias mães de alunos começaram a formar fila em frente à escola a partir das 7h na expectativa de que houvesse liberação das pré-matrículas em decisão de última hora da prefeitura e por medo de perder a oportunidade.
Na capital, apenas duas escolas mantidas pelo município funcionam em período integral e, conforme as regras da prefeitura, as vagas devem ser destinadas exclusivamente a moradores dos bairros onde elas estão inseridas.
O problema é que a concorrência pelas vagas é grande, já que não são muitas as disponibilizadas todos os anos. No ano passado, 80 pessoas tentaram matrícula em apenas uma turma com 20 vagas. Por causa disso, nos dias de matrícula, a fila chega a dobrar o quarteirão, segundo Rosângela.
Dormir na fila - Na noite de ontem, já existiam pelo menos 50 mães na fila, esperando que as matrículas fossem liberadas hoje (17). Ontem mesmo, vendo a situação que estava se formando, a diretora alertou as mães logo cedo de que a data não havia sido confirmada.
Entre essas pessoas estava Lucimara Souza Melo, uma das primeiras mães a chegar na segunda-feira, às 7h. Ela dormiu na frente da escola e só deixou o local ao meio dia de hoje. No entanto, quem chegou depois disso, ouviu informações desencontradas e "montou acampamento" no local mesmo assim.
Lucimara confirmou, assim como outras mães, que a diretora esteve no local e avisou que a data tinha sido descartada, pois não havia sido confirmada via edital.
Descontentamento - Outras mães não gostaram do desencontro de informações, como a operadora de call center Jucely Ferreira dos Santos, que buscava vaga para o filho de 4 anos. Para ela, não deveria ter sido colocado cartaz com previsão de data, apenas um com data definitiva. "A data prevista é que causou toda a confusão. O pessoal ficou inseguro e decidiu ficar na fila", resumiu.
A salgadeira Edinalva Simplício também chegou ontem na fila, ao meio dia. Ela tentou garantir uma vaga para a neta de 5 anos. Para ela, não havia anúncio nenhum de que o edital não havia sido publicado, cancelando a data.
A operadora de caixa Kelly Regina de Oliveira ficou revoltada com a situação porque precisou faltar ao trabalho para ficar na fila, com medo de perder a vaga do filho. Ela precisou ficar na fila desde às 16h de ontem e revezou com o filho para garantir a oportunidade, caso as matrículas fossem liberadas.
Nova previsão - Diante do impasse, foi divulgada nova previsão. Segundo a diretora, em reunião hoje pela manhã na Semed (Secretaria Municipal de Educação), há possibilidade de que as pré-matrículas ocorram no dia 1º e 2 de dezembro. Mas, como no primeiro caso, a data deverá ser confirmada por edital.