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Capital

Panfletos em bar perto da UFMS "incitam rebeldia", avalia PM

Polícia realizou ontem operação que contou com nove viaturas e até um helicóptero no entorno da UFMS

Guilherme Henri | 23/06/2018 18:29
Dona do Bar da Tia, Lenir dos Santos Soares segurando panfleto criado por estudantes (Foto: Fernando Antunes)
Dona do Bar da Tia, Lenir dos Santos Soares segurando panfleto criado por estudantes (Foto: Fernando Antunes)

Durante a Operação Bairro Tranquilo, deflagrada desde ontem (22) na Capital, policiais militares encontraram panfletos que, segundo eles, “incitam a rebeldia”. Os papéis foram encontrados no Bar da Tia, que fica em região polêmica, marcada por embates entre estudantes e militares. Desta vez, a megablitz contou com nove viaturas e até um helicóptero no entorno da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Conforme o capitão da da 6ª Companhia Independente da PM, Felipe dos Santos Joseph, responsável pela operação, os panfletos “incitam a rebeldia, pois ensinam os frequentadores do bar a usar entorpecente e também a filmar toda a ação da polícia”.

A reportagem teve acesso ao panfleto e nele constam orientações como “não urinar na frente da casa de vizinho”, “sem pala, tudo nosso nada deles, preste atenção no seu corre” e “esteja com o celular sempre carregado, grave sempre que puder a ação da polícia”, “cuidado com as câmeras que tanto nos persegue, abra o olho” e “F1, F2, Mente feita mas, sempre atento, menos pala”.

Panfleto criado por frequentadores do Bar da Tia (Foto: Direto das Ruas)
Panfleto criado por frequentadores do Bar da Tia (Foto: Direto das Ruas)
Bar da Tia está localizado próximo ao Escobar, na região da UFMS (Foto: Fernando Antunes)
Bar da Tia está localizado próximo ao Escobar, na região da UFMS (Foto: Fernando Antunes)

Os panfletos ficam dentro de uma pequena caixa de papelão, suspensa na grade do bar e acessível a todos que quiserem ler. A dona do lugar, Lenir dos Santos Soares, “A Tia”, conta que os panfletos foram criados há um mês por estudantes, frequentadores do bar “depois de ficarem cansados das perseguições que ela sofre por ser negra e dona de local onde os fregueses são gays e lésbicas”.

“Sou a única na região que possuí licença para funcionar até mais tarde. Isso, depois de ter prestado conta na Justiça. Toda vez que tem ações da polícia sou obrigada a mostrar a papelada. Dessa última vez mesmo não foi diferente. Só que, os policiais chegam e acabam espantando meus clientes. Até pensei em desistir daqui, porém os meninos [estudantes] não deixaram e fizeram estes panfletos com orientações a todos que vem aqui”, conta.

Lenir reconhece que nem todos os frequentadores do bar “são de boa fé”, porém como dona de estabelecimento não consegue controlar quem passa por ali. “Tem 'bandidinho'? Tem sim, mas tem muita gente boa também, meninos e meninas de família, que estão aqui para estudar. Acredito que toda essa situação poderia ser resolvida, se estas abordagens fossem menos truculentas. Não precisa de bomba. Basta encostar a viatura que o pessoal já entende, ou mesmo, passar algumas vezes por aqui”, diz.

Policiais montaram quatro pontos de bloqueio nas imediações das ruas Montese e Joaquim Manoel de Souza. (Foto: PM/Divulgação)
Policiais montaram quatro pontos de bloqueio nas imediações das ruas Montese e Joaquim Manoel de Souza. (Foto: PM/Divulgação)

Operação - A operação foi deflagrada desde a manhã de ontem, durante o jogo do Brasil. As ações seguiram para diversos bairros e se estenderam até perto da UFMS. O tenente-coronel Anderson Avelar, comandante da 6ª Companhia Independente, afirmou que a ação foi motivada por denúncia de moradores. Segundo ele, as abordagens foram tranquilas e se basearam, praticamente, nos problemas no trânsito causados por aglomerações.

De acordo com o capitão Joseph, foram abordados 230 pessoas, 82 carros e 27 motos. Sete condutores foram multados por trafegar na contramão e estacionar em local inadequado.

Além do helicóptero, também participaram quatro viaturas e quatro motos da PM, incluindo o Batalhão de Trânsito, Polícia Militar Ambiental e outras unidades de área. Os policiais montaram quatro pontos de bloqueio.

A ação, que contou com helicóptero da Coordenadoria-Geral de Policiamento Aéreo (CGPA), foi desencadeada a partir de reclamações de moradores que apontavam série de delitos. Apesar da reclamação de tumulto e som alto, os policiais não localizaram nenhum veículo com aparelho de som.

Veja vídeo da movimentação de ontem:

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