Moradores temem que Orla Ferroviária vire um “novo Escobar”
Desde o carnaval, ponto entre a Mato Grosso e Calógeras se tornou "point" para jovens
Há anos, a rua onde fica um frequentado por universitários, perto da UFMS, é palco de polêmica e vários episódios de tumulto, incluindo intervenção policial com uso de balas de borracha. Desde o Carnaval deste ano, um novo point com características parecidas está surgindo e “tirando a paz”, como definem os vizinhos a um trecho da Orla Ferroviária.
O local apontado por moradores é entre avenida Mato Grosso e rua Calógeras. No último sábado, jovens usaram o Facebook para combinar o evento batizado como "Baile da 13" onde pelo menos 100 pessoas compareceram.
A algazarra começou às 17h com a chegada de alguns ambulantes que vendiam copo de bebida a R$ 4,99. Lá pelas 20h, o público bebia à vontade com carro de som e arguile no Centro. Depois, o público foi se aglomerando com intuito de fazer um baile funk para ocupar as ruas após o Carnaval.
A concentração de pessoas não é ilegal, um dos motivos pelo qual a situação na região da Universidade Federal, onde fica o bar Escobar, tornou-se crônica. Principalmente às sextas-feiras, a concentração de jovens volta e meia termina em confusão, quando a polícia é acionada para desocupar a rua.
No Carnaval, situação semelhante aconteceu por pelo menos 3 vezes na Orla Ferroviária e, passado o período da folia, o problema continuou. Segundo os moradores e comerciantes vizinhos, além de obstrur a rua, alguns participantes praticam sexo a céu aberto, urinam em casas e ainda cometem atos de vandalismo.
Além disso, a venda de bebidas alcoólicas no local sem a devida autorização é aproveitada por adolescentes, que antes mesmo de terminar a “festa” acabam estirados em sarjetas.
A situação é relatada pela proprietária do hotel Gaspar, Christian Gaspar, 49 anos. Segundo a empresária, a concentração de pessoas no trecho está “fora de controle”. “Eles bloqueiam toda a rua. Você tenta pedir com educação que liberem o espaço e acaba sendo agredida verbalmente, o que dá mais medo. Picharam todo o meu hotel e o cheiro de maconha é insuportável”, detalha.
Para Rejane Roberto Roas, 34 anos, que acabou de ter um filho a situação deixou de ser uma simples concentração. “No dia seguinte o que sobra na rua são garrafas quebradas, camisinhas usadas e o cheiro de urina nos muros de casas e prédios. Não temos mais segurança e nem paz”, desabafa.
Opinião que é compartilhada por outro morador que preferiu não se identificar. Ele conta que nos 30 anos em que mora no local nunca havia se deparado com uma situação tão “deplorável quanto essa”. “Já vimos adolescentes jogados nos canteiros de tão bêbados. Isso quando não fazem sexo nos becos”, comenta.
Autoridades - O comandante da 5ª Companhia de Polícia Militar – responsável pelo policiamento da área – o coronel, Oeliton Figueiredo, explica que ações no ponto são realizadas, porém a PM não pode impedir que as pessoas se concentrem no trecho.
“Nosso papel é estar presente enquanto formos acionados pela população. Equipes vão até o local e se houver obstrução da via ou for observado outro delito os policiais notificarão para que os participantes deixem o local, ou até efetuem alguma prisão. Caso o pedido não seja acatado então medidas de dispersão serão adotadas”, explica.
A prefeitura esclarece que para organização de eventos o promotor deve procurar a Secretaria de Turismo e protocolar ofício de requerimento. No entanto, cada evento tem uma exigência daí a necessidade de procurar a repartição.
Além de solicitar a secretaria, o promotor também deve encaminhar ofício informando a PM e Corpo de Bombeiros. Em caso de perturbação da ordem, a prefeitura orienta a população denunciar a Polícia Civil.
Já o titular da Delegacia Especializada de Ordem Política e Social, Wilton Vilas Boas de Paula, explica que para a Polícia Civil só é considerado evento quando há venda de ingressos, o que não ocorre neste caso.
A orientação então é que a população registre a ocorrência. Se encontrados, organizador e participantes da concentração que terminou na perturbação pública podem ser penalizados de 15 dias até 3 meses de detenção.
“Temos acompanhados as movimentações em redes sociais que terminam na perturbação da comunidade e isso resulta em operações deflagradas pela delegacia”, afirma.
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