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Capital

Parcela de 10% do salário de detentos é revertido para reforma de escolas

Renan Nucci | 21/12/2014 11:05
Detentos da Gameleira fazem reparo em escola beneficiada por projeto da 2ª Vara de Execuções Penais. (Foto: Divulgação)
Detentos da Gameleira fazem reparo em escola beneficiada por projeto da 2ª Vara de Execuções Penais. (Foto: Divulgação)
Reeducandos prestam serviços de marcenaria, elétrica, hidráulica e pintura. (Foto: Divulgação)
Reeducandos prestam serviços de marcenaria, elétrica, hidráulica e pintura. (Foto: Divulgação)

Um projeto de ressocialização e "ressarcimento" transforma a vida de reeducandos e de alunos da rede pública de Campo Grande. Presos que possuem emprego formal em unidades prisionais doam 10% de seus salários para a reforma de escolas. O trabalho é executado por detentos em regime semiaberto da Colônia Penal Agroindustrial da Gameleira.

As ações tiveram início no ano passado. Desde então, duas escolas, no Jardim Leblon e Coophavila II, foram completamente reformadas por uma equipe que conta com 13 detentos da Gameleira, incluindo pedreiros, eletricistas e pintores. No momento, a Escola Estadual Padre Mário Blandino, do conjunto Aero Rancho, é beneficiada pelas obras de revitalização.

Segundo Tarley Cândido Barbosa, diretor da Gameleira, o projeto foi desenvolvido pela 2ª Vara de Execuções Penais da Capital, por meio do juiz titular Albino Coimbra Neto. Todas as despesas são arcadas com o valor doado pelos presos. Na escola do Aero Rancho, por exemplo, devem ser investidos pouco mais de R$ 91 mil em materiais de construção, além da mão de obra.

“O projeto transcende a questão das reformas em si, pois resgata a dignidade dos detentos, valoriza os servidores da unidade escolar e estimula as crianças”, disse Tarley. Ele explica que os reeducandos que participam do projeto saem transformados. “Quando as obras acabam, fica uma placa com o nome de cada um que participou. Todos ficam muito felizes com isso. O sentimento de gratidão é tanto, que uma vez um dos detentos foi posto em liberdade, mas ele fez questão de continuar no trabalho até o final”, completa.

Escolas que precisam de reparos estruturais são beneficiadas. A equipe da Gameleira faz troca de telhados, pinturas, marcenaria, e todo o tipo de serviço elétrico e hidráulico necessário. “É a forma encontrada para compensar a sociedade pelos erros que eles cometeram em algum momento de suas vidas”, disse Tarley, destacando que certa vez, duas alunas entraram em um escola que acabara de ser entregue, e elas se perguntaram se estavam no lugar certo, pois o ambiente estava todo transformado. “Esse tipo de situação é o que traz motivação”.

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