Pastor não fecha igreja: “Se continuar afrontando a casa de Deus, vão morrer"
Paulo fundou templo há 20 anos e se preocupa mais com o comunismo do que com a covid-19
Da boca sem máscara do pastor Paulo Ferreira, fundador da igreja evangélica “Pai, Filho e Espírito Santo”, sai um discurso negacionista sobre os perigos do novo coronavírus, muitas acusações contra as autoridades e um autoelogio: “Ainda tem profeta de Deus na terra”.
Depois de uma noite agitada, em que o templo, há dez anos localizado na Avenida Marajoara, no Jardim Centro-Oeste, foi alvo de fiscalização do toque de recolher e o pastor levado para a delegacia por desacato, Paulo falou com a reportagem na manhã desta sexta-feira (dia 31).
Ele conta que nunca seguiu o toque de recolher, que é adotado, com algumas variantes, desde março em Campo Grande e avisa que nem vai seguir. “Não vou fechar, estou seguindo a ordem de Deus. A Justiça da terra é para prender bandido, traficante. Não para fechar igreja”, diz.
Sobre a fiscalização o tom varia entre a crítica e a acusação de abuso. “Estão cansados de vir aqui. São desocupados, não querem trabalhar. Eu trabalho na obra. Se continuarem afrontando a casa de Deus, vão morrer. E ainda precisar da minha oração”, diz.
A igreja tem cultos diários, das 19h às 21h. Ontem, o toque de recolher na cidade era das 20h às 5h. De acordo com o pastor, a abordagem da fiscalização foi abusiva, mas ainda não formalizou denúncia.
Paulo também declara que não abre as portas todos os dias em busca de ofertas ou dizimo. “A igreja fica em um bairro muito carente”.
Sobre o coronavírus, ele advoga pela versão de que o vírus foi “promovido” pela China para reduzir sua grande população. No entanto, a doença fez bem menos vítimas no país da Ásia do que no Brasil.
O líder religioso ainda se mostra mais preocupado com o comunismo e diz que as autoridades não podem brincar com Deus, citando trecho de Romanos. A entrevista é encerrada com abraço e oração.
O pastor vai responder por desacato, infração de medida sanitária preventiva e desobediência. Ele se recusou a assinar o auto de infração e ainda rasgou a sua via.