PF vasculhou 4 casas em busca das armas de milícia e não encontrou nada
Primeira de denúncia de extorsão na Aldeia Água Bonita chegou para a polícia em 2016; principal alvo morreu em abril deste ano
Em busca de armas, a Polícia Federal vasculhou as casas de quatro suspeitos de formarem milícia que agia na aldeia urbana Água Bonita, em Campo Grande, mas não encontrou nada. Os indígenas estariam ligados a Nilton Nelson, que já foi cacique da comunidade, e foi denunciado por liderar esquema de venda de lotes, permitindo que famílias morassem no local mediante pagamento de taxa. Nilton morreu em abril deste ano.
As informações são do delegado Fernando Rocha Rodrigues da Silva, da Delinst (Delegacia contra Pedofilia, Crimes contra Populações Indígenas e Eleitoral), que comandou nesta quarta-feira (17), Operação Águas Turbulentas na aldeia.
A primeira denúncia de extorsão contra famílias chegou à Polícia Federal em março de 2016 e de lá para cá, outros três boletins de ocorrência foram registrados. “Por enquanto, só temos as denúncias e os depoimentos das vítimas”, disse o delegado.
O grupo alvo, conforme a investigação inicial, andava armado e fazia ameaças a moradores que se negavam a pagar a taxa. O valor cobrado não foi divulgado pela PF. O delegado também disse não ter notícia de famílias que foram expulsas da comunidade por não estar em dia com as mensalidades, por exemplo.
Além das supostas cobranças, a PF vai investigar se a distribuição de lotes na aldeia nos últimos anos foi feita de forma regular e se famílias que hoje moram na aldeia se enquadram no perfil que garante moradia na área.
A comunidade tem hoje cerca de 600 moradores. Os indígenas são das etnias Kinikinau, Guató, Kadiwéu, Terena e Guarani.