Pobres usam tapetes e até emprestam casacos para enfrentar frio de 5º C
A terça-feira (26) foi marcada como o dia mais frio do ano em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande foi registrado 8,4°C, com sensação térmica de 5°C graus. Mesmo com dias mais quentes, muitos campo-grandenses já estão preocupados com a chegada da próxima frente fria no Estado, que afeta os moradores de áreas carentes da Capital, pois muitas vezes possuem somente um agasalho ou cobertor.
A doméstica Maria de Deus, 52 anos, conhecida na favela Cidade dos Anjos, no Aero Rancho, como Marion, precisou ser levada para o hospital, por conta do frio que passou no começo da semana. “Minha pressão subiu muito, então tive que ser levada as pressas para o hospital”, contou.
Antes do susto, Marion não possuía nenhum agasalho. “Eu peguei uma blusa emprestada com uma vizinha minha e também um cobertor para poder me esquentar”, comentou a doméstica. Maria vive com R$ 60 por mês, do Bolsa Família, e não consegue comprar blusas ou cobertores para o frio.
“Não posso fazer nada, não tenho recursos para comprar roupas”, revelou Marion. Ela, junto com três netos, se mudou para um barraco de dois cômodos na Cidade dos Anjos para economizar e não pagar aluguel. Maria de Deus disse que as madeiras, usadas como paredes, não conseguem “segurar o vento gelado”.
Os que mais sofrem nesta época são as crianças. A auxiliar de cozinha Elizandra Rondon da Silva, 27, mora, também na favela, com o marido e dois filhos, de 2 e 9 anos, e se preocupa com a saúde deles. “Eu tenho que me virar. Eles estão crescendo rápido, então as roupas estão ficando pequenas e não servem mais”, afirmou.
Para ir à escola, conforme Elizandra, é um sacrifício. “É muito frio de manhã e eles têm poucas blusas, então temos que lavar e torcer para ela secar para o outro dia”, admitiu a auxiliar de cozinha.
Já Anselmo Rocha, 42, o Paçoca, utilizou tapetes e uma fogueira para se esquentar na frente fria que passou pela Capital. “Já me acostumei, todo o ano chega o inverno, então dou meu jeito”, assumiu.
Para atender o Campo Grande News, Anselmo saiu de sua casa usando somente chinelo, com meio, camiseta e calça, por que não possui sapatos e somente uma blusa. “Ainda tenho, tem gente que tem menos do que eu”, comentou otimista.
Marion é uma destas pessoas que têm menos. Ela possui somente um par de meias e um chinelo para esquentar os pés.
Conforma a líder comunitária da Cidade dos Anjos,Marilene da Conceição Bezerra, 30, desde a criação da favela, há mais de um ano, dois moradores morreram com pneumonia no local. “Precisamos de ajuda, de doações”, alertou.
Neste domingo, uma nova frente fria chega ao Estado. A mínima deve chegar a 11º C em Campo Grande no início da semana.