Policial civil invade emissora de rádio e agride entrevistado
O caso aconteceu nesta sexta-feira na cidade de Coxim. A vítima teria gravado um vídeo difamando investigadores dias antes
Policial civil invadiu uma emissora de rádio de Coxim – a 260 quilômetros de Campo Grande – e agrediu e prendeu um entrevistado durante transmissão ao vivo nesta sexta-feira (22). A vítima havia sido liberada do presídio nesta quinta-feira, dois dias depois de ser presa por difamar dois investigadores
Toda a ação foi filmada. As imagens mostram que antes da agressão, o entrevistado – identificado como José Carlos Pereira da Silva, de 40 anos – manda um recado para os policias que estão bravos com ele e afirma que se fosse da polícia denunciaria “todos os bandidos de dentro da polícia”.
O homem segue afirmando que a “polícia tem que fazer o bem, não o mal” e pouco depois e surpreendido pelo policial, que entra na cabine de gravação, o pega pelo pescoço e joga no chão.
Mais de uma vez o policial pede para os locutores tirarem o programa do ar. Um dos profissionais da rádio tenta intervir, mas o investigador reforça. “Ele tá cometendo crime, tá me difamando e vou prender todo mundo”. Nervoso, o policial tenta explicar o motivo da prisão, uma medida cautelar que impede o suspeito de citar seu nome.
“Chega, ele tá preso. Ele não pode citar meu nome. Liberdade de imprensa é uma coisa. O senhor tá preso, o senhor descumpriu uma medida”.
Conforme apurado pelo Campo Grande News, a confusão entre José Carlos e o policial começou na terça-feira (19), depois que ele divulgou um vídeo no Facebook difamando dois investigadores da Polícia Civil – um lotado na delegacia de Alcinópolis e outra na 1ª Delegacia de Coxim.
No vídeo, José chama um dos policiais de traficantes e o acusa de ter vendido drogas dentro de um presídio. Ele ainda afirma que o policial de Coxim cometeu crimes de ameaça, violação de domicilio, e ainda o chama de “amigo de bandido, covarde e vergonha para a polícia”.
A gravação resultou na prisão em flagrante de José por calúnia e difamação. Ele ficou preso até a tarde de ontem, dia 21 de fevereiro, quando passou por audiência de custódia e foi liberado.
Para isso, no entanto, o juiz determinou medidas cautelares, como o comparecimento mensal em juízo, a proibição de sair da cidade sem autorização e a proibição de “divulgar novos vídeos envolvendo as vítimas e os fatos que foram expostos no vídeo”. Ele ainda foi proibido de ter contato com os policiais.
Não há informações se José, que trabalha como gari, continua preso. A reportagem tentou contato com a delegada titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Coxim, mas não obteve contato.
O gari tem passagens por furto, ameaça (violência doméstica), lesão corporal (violência doméstica), injúria, difamação, perturbação da tranquilidade, disparo de arma de fogo e homicídio. Em 2010 ele matou a tiros o pedreiro Nildo José de Moraes, que na época tinha 39 anos. Dois anos depois foi absolvido do crime.